Sérgio Mah nomeado comissário-geral da PHotoEspaña para os próximos três anos
Esta é a primeira vez, nos seus dez anos de existência, que a PHotoEspaña convida um estrangeiro para comissário.
Antigo director artístico da Bienal LisboaPhoto será a partir de 2008 o primeiro programador estrangeiro do festival de Madrid, a celebrar dez anos de existência
"Em termos de eventos que mantêm uma consistência programática, este é possivelmente o festival mais importante neste momento na Europa", diz Mah ao PÚBLICO.
A trabalhar já no programa para 2008, Sérgio Mah não revela por enquanto o tema escolhido, mas avança que as suas escolhas, em trabalhos de fotografia mas também de vídeo, terão a ver com uma lógica "interpretativa das questões importantes do mundo de hoje, em que a fotografia tem uma eficácia muito peculiar nessa interpretação da realidade". Uma marca do seu olhar que, refere, tem a ver com o que fez naquelas que foram as duas únicas edições da LisboaPhoto, em 2003 e 2005.
O seu contacto com o festival de Madrid começou em 2005, durante a segunda edição do LisboaPhoto, quando propôs ao comissário na altura, Horácio Fernández, um projecto conjunto: cada festival (os dois decorriam simultaneamente) orga-
nizava uma exposição para ser mostrada no outro. No final, as duas exposições, com trabalhos de fotógrafos portugueses e espanhóis e o título Empirismos, juntaram-se numa única, que foi exibida no Brasil.
A ideia de Sérgio Mah era que, a partir daí, "houvesse sempre uma exposição dedicada ao eixo ibérico", com ligação ao Brasil, mas a LisboaPhoto não teve nova edição, o que impossibilitou que isso acontecesse. Mas, em 2006, Mah foi convidado pa-
ra comissariar uma das exposições do festival de Madrid e organizou uma antológica do fotógrafo norte-americano Joel Sternfeld. O convite para comissário-geral não surgiu, contudo, das equipas com quem colaborou em 2005 e 2006, mas da nova directora do PHotoEspaña, Claude Bussac.
Setecentos mil visitantesDesde que nasceu, há dez anos, o festival de Madrid teve sempre um comissário para três edições. Este ano, o modelo mudou. Para celebrar a décima edição, a organização decidiu não ter comissário e apostar numa série de exposições de nomes mais conhecidos e com capacidade para atrair muito público - foi feita uma estimativa de 700 mil visitantes.
O 11º ano é o regresso ao modelo tradicional, com um comissário que porá a sua marca nas escolhas da programação. "Não me impuseram nenhum critério nem limitação", afirma Sérgio Mah. Mas, acrescenta, "num evento como este, é preciso dialogar com as instituições envolvidas, que têm tendências particulares". Por detrás da PHotoEspaña está uma instituição privada, La Fábrica, que colabora com várias outras grandes instituições espanholas, como o Museu Rainha Sofia, o Museu Thyssen-Bornemisza, o Círculo de Belas-Artes ou a Fundação Telefónica, e ainda com muitas das galerias da cidade. O trabalho do comissário é também, segundo Mah, encontrar os equilíbrios necessários entre todos estes parceiros.
Além disso, sublinha ainda o novo comissário-geral, é preciso ter em conta que "a questão do público é muito importante para a PHotoEspaña". Por isso, "há exposições em que tem que se jogar com uma certa amabilidade, porque há um público alargado que tem que ser seduzido". Mas Sérgio Mah não vê aí um problema porque, diz, "a função de um programador não é apenas seleccionar artistas e trabalhos do seu interesse, mas também respeitar uma certa cultura que o evento foi construindo ao longo dos anos".