O que é a comunidade Emaús
A comunidade Emaús, o movimento criado pelo abade Pierre em 1953, conta com 115 comunidades em França e com mais de 400 grupos em todo o mundo, que lutam contra a pobreza em mais de 40 países, da Bolívia aos Camarões. O aparecimento do primeiro núcleo desta comunidade, ocorreu em 1949, em Neuilly Plaisance, nos arredores de Paris, graças ao recrutamento de voluntários feito pelo próprio abade Pierre, que hoje faleceu aos 94 anos. A história de toda a Emaús começa com o encontro entre o abade Pierre e um homicida desesperado que procura o suicídio. Abade Pierre terá conseguido convencer o indivíduo a fazer o seu caminho de salvação voluntariando-se para ajudar o movimento, depois de lhe ter contado a sua história pessoal, de renúncia ao cargo de deputado para ajudar os sem-abrigo da cidade. Começou então a aventura Emaús, que se baseia. Fundamentalmente, na recuperação de objectos usados, de mobiliário a roupa, que depois são vendidos para financiar o movimento. Só em França, a venda de roupa em segunda mão, rendeu, em 2005, 117,7 milhões de euros. A prioridade do movimento a nível internacional vai para a ajuda aos mais marginalizados, como toxicodependentes ou idosos sem apoio familiar. A Emaús internacional, criada em 1971, coordena 446 grupos locais com intervenção na agricultura, ensino, integração de crianças de rua e de comunidades de sem-abrigo e em bairros urbanos degradados. Também tem desenvolvido trabalho entre as comunidades de imigrantes, na defesa de direitos de trabalho destes grupos e tem desenvolvido acções de sensibilização contra o tráfico de mulheres e crianças para a prostituição |
Morreu o abade Pierre, fundador da comunidade Emaús
As homenagens e votos de pesar sucederam-se de imediato por toda a França, após a notícia da morte de Henri Antoine Groués — o nome de nascimento de Abbé Pierre, como era conhecido no país —, que estava internado com uma infecção pulmonar desde o dia 14.
O abade Pierre acabou por falecer no Hospital Val de Grâce, em Paris.
A notícia, avançada pelo presidente da Emaús em França, Martin Hirsch, foi logo comentada pelo Presidente francês, Jacques Chirac, que se confessou "consternado". Com a morte do abade Pierre, "é toda a França que é tocada no seu coração" pelo "imenso respeito e profunda afeição" que o país tinha por esta figura.
"Ele mostrou-nos a via da generosidade individual e colectiva, vai fazer falta a todos os franceses", declarou, por sua vez, o primeiro-ministro francês, Dominique de Vilepin.
O abade Pierre, que se iniciou na ordem dos franciscanos capuchinhos, usou os microfones da Rádio Luxemburgo em 1954, com alertas para recolha de apoio para salvar os mais pobres da morte certa.
O seu trabalho começou mais cedo, ainda durante a II Guerra Mundial, dedicando-se a salvar os perseguidos pelo nazismo. Organizou um grupo de resistência armada até ser preso, mas conseguiu fugir escondido num saco do correio, num avião para a Argélia.
Depois da guerra, voltou a Paris e foi eleito deputado da Assembleia Nacional, que deixou por protesto contra uma lei eleitoral que julgava injusta, em 1951. A partir daí dedicou-se inteiramente ao Movimento Emaús, que está hoje presente em mais de 40 países.
Emaús é o nome de uma localidade na Palestina onde, segundo a Bíblia, Jesus apareceu aos seus discípulos após a Ressurreição.
Comunidade tem em Portugal 50 membrosO movimento está representado em Portugal por uma comunida em Caneças, Loures, e dois grupos no Porto, cerca de 50 pessoas no total.
O fundador esteve em Portugal no ano passado para participar na assembleia regional do movimento, tendo-se deslocado a Fátima, onde rezou uma missa.
"Era uma pessoa fora do comum, completamente dada aos outros", disse à agência Lusa Humberto Pereira, um dos responsáveis da comunidade Emaús de Caneças, que lhe serviu de motorista durante a sua estada no país.
O movimento instalou-se em Portugal em meados da década de 1980 e actua lmente conta entre 20 a 30 membros na comunidade de Caneças e dois grupos de 10 companheiros (designação dada aos membros) cada no Porto.