Jerónimo de Sousa acusa Governo de contra-reformas que aceleram privatizações

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Jerónimo de Sousa disse que a entrada na UE acentuou a fragilidade dos sectores produtivos nacionais Estela Silva/Lusa (arquivo)

"O actual Governo do PS sustentou um vasto programa de contra-reformas de cariz neoliberal, visando a reconfiguração do estado democrático de Abril, reduzindo o alcance de diversos serviços públicos e das funções sociais do Estado, ampliando e aumentando o processo privatizador", afirmou Jerónimo de Sousa, no encerramento do Encontro Nacional do PCP sob o tema “Portugal 20 anos de adesão à CEE/UE”.

O secretário-geral do Partido Comunista disse ainda não compreender o "silêncio do PS" quando as taxas de juro vão aumentar pela "sexta vez consecutiva no espaço de um ano", o que significa "mais dificuldades e endividamento do povo e das empresas".

Em relação à chamada Estratégia de Lisboa, o secretário-geral afirmou que as orientações visam a "liberalização e privatização dos serviços públicos", como transportes, correios, energia e telecomunicações, com o objectivo de "conseguirem a total liberalização dos despedimentos, a desregulação de horários e precariedade do mercado de trabalho".

Jerónimo de Sousa relaciona entrada na UE e perda de competitividade económica

Para o secretário-geral do PCP, a entrada na União Europeia veio acentuar a "fragilidade dos sectores produtivos nacionais", com uma significativa perda de competitividade da economia portuguesa, ao mesmo tempo que "acelerou a passagem de importantes centros de decisão em sectores estratégicos do país para as mãos do grande capital estrangeiro".

Jerónimo de Sousa explicou que o seu partido tem posições e orientações diferentes do PS, PSD e CDS em relação às condições e condicionantes da adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia.

"Não fazem o balanço da adesão porque seriam confrontados não só com a realidade, mas também com a sua responsabilidade na situação actual. A realidade de 20 anos de fundos comunitários não chegou para compensar as consequências económicas e sociais destes anos de integração".

O líder do PCP assegura que os "mais de 50 milhões de euros" criaram a ideia de progresso e desenvolvimento, mas tornaram-se evidentes "os custos e contrapartidas" quando a crise se instalou.

Jerónimo de Sousa apelou a um reforço da “mobilização e luta dos trabalhadores e dos povos pela retoma do projecto de desenvolvimento, progresso e paz na Europa”.