Autarca de Setúbal denuncia negligência no transporte de resíduos para a Secil
"Temos a informação de que há resíduos que estão a ser negligenciados no transporte — caem para o chão — e, quando em contacto com a água, criam uma espécie de ácido", disse Maria das Dores Meira, acrescentando que a autarquia tem provas do que afirma.
"E qualquer pessoa pode verificar que há um cheiro nauseabundo que sai ali do Outão, o que não acontecia antes de se iniciarem os testes de co-incineração", reforçou a autarca comunista, que falava à Lusa, no final da manifestação contra a co-incineração, que decorreu ontem em frente ao Governo Civil de Setúbal.
Maria das Dores Meira foi a única presidente de Câmara a marcar presença na manifestação convocada pelo Movimento de Cidadãos pela Arrábida — que contou com a adesão de apenas uma centena de setubalenses — contra o início dos testes de co-incineração de resíduos industriais perigosos.
Segundo João Bárbara, do Movimento de Cidadãos pela Arrábida, o início dos testes representa "uma atitude cobarde e desonesta, porque é feita numa altura em que decorre uma acção judicial interposta pelo advogado Castanheira de Barros no Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada.
Acusações "não têm qualquer fundamento"Uma fonte da cimenteira Secil citada pela Lusa disse que as acusações feitas pela presidente da Câmara "não têm qualquer fundamento".
"O mau cheiro que se tem feito sentir nas últimas três semanas resulta da decomposição de biomassa vegetal e nada têm a ver com os testes de co-incineração", garantiu o porta-voz da empresa.
"No que respeita aos resíduos, também podemos garantir que o transporte é efectuado em camiões cisternas que são fechados hermeticamente, não havendo por isso qualquer possibilidade desses resíduos caírem para a estrada", garantiu a mesma fonte.