Acordo para construir reactor experimental ITER assinado hoje

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A ideia é estudar como reproduzir a imensa energia das reacções de fusão nuclear, que ocorrem no núcleo das estrelas, como o Sol B. Hovart/AFP

"O projecto tem uma duração prevista de 35 anos e um custo de 12.000 milhões de euros", explica, em comunicado, Carlos Varandas, coordenador do laboratório associado Centro de Fusão Nuclear do Instituto Superior Técnico e ligado ao projecto há muito. Um pomo de discórdia foi a localização do reactor, mas a escolha acabou por recair em Cadarache, em França.

O Centro de Fusão Nuclear tem trabalhado em projectos sobre o reactor, como estudos de integração de componentes. "No futuro, Portugal pretende alargar a colaboração a outras áreas, como controlo e aquisição de dados, robótica, manipulação remota, sistemas de visualização e inspecção, controlo de qualidade, mecânica de precisão, criogenia e fontes de alimentação", diz o comunicado.

Os parceiros são a União Europeia, os Estados Unidos, a Rússia, o Japão, a China, a Coreia do Sul e a Índia. O Brasil pode vir a participar, através de um acordo entre Lisboa e Brasília.

Mas por que é que estes países estão dispostos a gastar tanto dinheiro para um reactor experimental? A ideia é estudar como reproduzir a imensa energia das reacções de fusão nuclear, que ocorrem no núcleo das estrelas, como o Sol. O problema é que para vencer a repulsa dos átomos entre si, é preciso chegar a temperaturas da ordem dos 100 milhões de graus Celsius. A esta temperatura, a matéria fica num quarto estado, o de plasma, em que átomos e moléculas formam um gás ionizado. Para o fazer, é precisa uma imensa quantidade de energia, muito mais do que a que resulta da reacção.

Aprender a desencadear essa reacção consumindo menos energia é o que os cientistas querem. A dificuldade do projecto é ilustrada pelo objectivo do ITER: demonstrar a viabilidade de produzir energia através da geração de 500 MW de energia de fusão, durante 300 segundos.

A fusão nuclear é diferente da energia nuclear a que estamos habituados: essa produz-se partindo átomos de elementos químicos e instáveis, como o urânio, e aproveitando a energia libertada.

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