Vulcões: cristalização do magma pode activar erupções

Foto
A previsão das erupções tropeça no mau conhecimento que os investigadores têm das características do magma vulcânico AP

Jon Blundy e os seus colegas demonstraram que quando os magmas vulcânicos se cristalizam aquecem, embora se pense intuitivamente que arrefecem.

Além disso, a cristalização é intensa, pelo que o aquecimento é muito marcado, podendo atingir os cem graus.

Os investigadores sublinham que o fenómeno da cristalização tem uma duração relativamente curta, mas que se manifesta em anos e até em séculos.

"Esta capacidade de gerar calor poderá levar ao desencadeamento das erupções", sublinha a universidade britânica num comunicado.

"Se o magma ascendente é capaz de aquecer imediatamente, apenas pelo efeito da sua cristalização, poderá desencadear uma forte erupção, sem precisar de uma outra fonte de calor, como um impulso de magma mais quente vindo das profundidades", acrescenta o documento.

O efeito de aquecimento é máximo quando a pressão interna é fraca. O factor de origem do fenómeno de cristalização parece ser uma queda da pressão ambiente, mais do que uma troca de calor com as rochas circundantes como se acreditava até agora.

"Isto abre várias possibilidades interessantes sobre a dinâmica das erupções", nota a universidade.

As erupções explosivas são provocadas por uma acumulação de gases e de magma que se libertam das rochas em fusão vários quilómetros abaixo e que acaba por fazer voar os pedaços de rocha que obstruem a cratera.

As erupções podem ser desastrosas: em Junho de 1991, cerca de mil pessoas foram mortas pelo despertar do vulcão Pinatubo, na ilha de Luçon (Filipinas), após meio milénio de inactividade. Em Maio de 1980, uma erupção atingiu até 400 metros do monte de St. Helens (noroeste dos Estados Unidos), causando meia centena de mortos.

A previsão destas erupções tropeça no mau conhecimento que os investigadores têm das características do magma vulcânico (temperatura, viscosidade, proporção de água e de gás), uma vez que se encontra a grande profundidade sob a terra.

No decurso do seu estudo, os investigadores britânicos examinaram minúsculas gotículas de líquidos vulcânicos, presos dentro de cristais de rochas siliciosas.

Os investigadores calculam a sua análise permite estabelecer, por cada vulcão estudado, as características do seu magma na altura em que chega à superfície da Terra.