Governo abre inquérito sobre comunistas constituídos arguidos

Foto
PUBLICO.PT

No debate sobre o estado da nação, o deputado comunista António Filipe pediu ao primeiro-ministro que assegurasse que seriam “apuradas todas as responsabilidades” por parte do Governo sobre a acusação de manifestação ilegal a dois dirigentes do PCP, o que considerou “um insulto à democracia”.

Segundo António Filipe, os dirigentes integravam uma delegação do PCP que entregou em Dezembro do ano passado um abaixo-assinado na residência oficial do primeiro-ministro e que seis meses depois foram convocados pelas forças de segurança a prestar declarações e constituídos arguidos.

“Não diga que não sabe de nada, que não tem responsabilidade nenhuma pelo ocorrido. Passaram pela residência oficial 13 primeiros-ministros e é a primeira vez que isto acontece”, acrescentou, dirigindo-se a José Sócrates.

O deputado do PCP referiu ainda episódios de “perseguição” a sindicalistas e questionou se “as forças de segurança que o Governo tutela servem para funcionar como milícias do patronato, que reprimem e intimidam os trabalhadores que lutam pelos seus direitos nos termos da lei”.

“Lamento dizer-lhe o que não queria que eu dissesse: não sabia de nada. Espero que acredite, não tem razões para não acreditar. O primeiro-ministro não acompanha nem transmite orientações sobre nenhum processo em concreto”, respondeu José Sócrates, anunciando em seguida que “o Governo vai verificar o que se passou”.

“O ministro da Administração Interna mandou abrir um inquérito junto da inspecção da Administração Interna para saber o que se passou no caso da residência oficial e nos outros casos”, declarou, sublinhando que espera que o PCP “não insinue” qualquer envolvimento do Governo nas situações referidas.