Gripe das aves: associação diz que proibição de venda gerou comércio paralelo

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A Associação de Criadores de Aves para o Mundo Rural diz que há estabelecimentos a vender aves sem controlo Eugene Hoshiko/AP

Paulo Fernandes, presidente da Associação de Criadores de Aves para o Mundo Rural afirmou hoje que "a venda dos animais acabou por se transferir de locais controlados e sujeitos a regras sanitárias para lojas de rações e cooperativas sem as mínimas condições".

Referindo que havia "pessoas que tinham de continuar a abastecer-se quando surgiu a polémica da gripe das aves", o dirigente associativo disse que "a proibição da venda em feiras, que terminou agora, gerou um comércio paralelo e clandestino".

"A nós exigem-nos todas as condições para estarmos nos mercados, e nestas casas os animais estão sem controlo e em contacto com rações", alertou.

O responsável frisou, no entanto, que não está contra a venda noutros locais além das feiras, mas defendeu a necessidade de operarem devidamente licenciados.

"É necessário que as regras sejam aplicadas a todos e sei de algumas casas destas que já estão a tentar licenciar-se junto da Direcção-Geral de Veterinária, mas a maioria não tem condições", adiantou.

Na passada quinta-feira, o Governo anunciou o levantamento provisório da proibição de venda de aves em feiras devido à redução dos riscos de propagação da gripe aviária.

"Portugal não é, no presente período sazonal, circuito de aves migratórias aquáticas de risco para a propagação do vírus Influenza do subtipo H5N1", vulgo gripe das aves, refere um aviso assinado pelo director-geral de Veterinária, Carlos Agrela Pinheiro.

Acresce - adianta o mesmo responsável - que "milhares de análises efectuadas no âmbito do Planos de Vigilância passiva e activa, durante os anos de 2005 e 2006, revelaram sistematicamente resultados negativos à pesquisa do vírus H5N1".

Contudo, Paulo Fernandes mostrou-se pouco optimista com um grande aumento das vendas após o levantamento da proibição.

"A televisão ainda amedronta muito as pessoas. Houve zonas do país, como Setúbal, em que nenhuma feira abriu [um número reduzido de mercados continuou a realizar-se com autorização dos veterinários locais] e as pessoas desabituaram-se de ir aos mercados", assinalou.