Imigração: declarações de sindicalistas da PSP são "absolutamente xenófobas"
"Lamento que os cidadãos estrangeiros estejam a ser usados como bodes expiatórios para resolver situações de outra ordem, que se prendem com questões estruturais e reivindicações relativas à falta de condições que os polícias sentem no exercício da sua profissão. O SPP [Sindicato dos Profissionais da Polícia] não devia misturar as duas realidades", afirmou à Lusa Heliana Bibas.
Um comunicado do SPP - emitido a propósito da condenação do luso-brasileiro Marcus Fernandes a 25 anos de prisão pelo homicídio de dois agentes e pela tentativa de homicídio de um terceiro - referia que "Portugal há muito que deixou de ser um país dos 'brandos costumes', ao invés, é um país multi-étnico e multi-cultural, com fronteiras de livre trânsito, propício à manifestação de novos e inéditos fenómenos criminais de extrema violência".
Na sequência do comunicado, dirigentes do SPP afirmaram que "o aumento da criminalidade em Portugal deu-se com a abertura das fronteiras" e que "antes de haver imigrantes brasileiros não havia assaltos nos semáforos".
Para a presidente da Casa do Brasil, estas afirmações são "absolutamente xenófobas", contrariam "todos os princípios" e são "anti-Europa".
"Ser multi-étnico e multi-cultural não é sinónimo de criminalidade. Os imigrantes não vieram para exercer a criminalidade e são um factor positivo no desenvolvimento da sociedade portuguesa", considerou a mesma responsável.
Heliana Bibas acrescentou também que o índice de criminalidade com envolvimento de cidadãos estrangeiros em Portugal é dos mais baixos da Europa.
"Em vez de se preocupar com os casos pontuais de envolvimento de cidadãos estrangeiros em casos de violência e criminalidade, o SPP devia era pronunciar-se sobre o envolvimento de polícias em quadrilhas ligadas ao tráfico de armas, como foi recentemente divulgado pela comunicação social", disse ainda a presidente da Casa do Brasil.