Biografia de Milosevic


Slobodan Milosevic nasceu em Pozarevac, na Sérvia, no dia 20 de Agosto de 1941, filho de um professor de Teologia. Tinha dois filhos - Marko e Marija - da sua mulher Mirjana.

Partidário comunista, antigo administrador da companhia nacional sérvia de gás e ex-banqueiro nos EUA, abriu caminho a pulso até ao topo da política jugoslava no vazio de poder registado em 1980, aquando da morte do general Tito.

Advogado de formação, tornou-se líder do partido comunista sérvio em 1986. A partir de 1987, e nos 13 anos seguintes, Milosevic tornou-se o homem-forte da política sérvia, período em que apoiou acções de "limpeza étnica" e em que tentou esmagar os movimentos independentistas no seio da Jugoslávia.

Caiu do poder no dia 5 de Outubro de 2000, resistindo aos resultados das eleições presidenciais que deram a vitória à oposição. Foi detido seis meses mais tarde e transferido no dia 28 de Junho de 2001 para Haia, a fim de ser julgado pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia, por crimes de guerra, genocídio e crimes contra a humanidade. Morreu antes da sentença, em pleno julgamento.





Morreu o ex-ditador sérvio Slobodan Milosevic

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O Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia já confirmou a morte do ex-ditador EPA (arquivo)

"Milosevic foi encontrado sem vida na sua cama, no centro de detenção das Nações Unidas", lê-se num comunicado emitido ao início da tarde.

"O guarda alertou imediatamente o responsável do centro de detenção e a equipa médica, que acabou por confirmar o óbito", avança ainda o comunicado do Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia, que confirma também a instauração de um inquérito para avaliar as causas da morte do ex-Presidente sérvio.

Os problemas de saúde de Milosevic - que sofria de problemas cardíacos e era hipertenso - obrigaram a repetidas interrupções no seu julgamento, em que respondia por crimes de guerra, genocídio e crimes contra a humanidade cometidos durante a desagregação da antiga Jugoslávia, na década de 90.

Advogado afasta hipótese de suicídio

O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Douste-Blazy, disse aos jornalistas, à margem de um encontro com os seus homólogos europeus, na Áustria, que Slobodan Milosevic "morreu de causas naturais".

"O meu pensamento está com todos aqueles que sofreram com as operações de limpeza étnica - milhares de homens, mulheres e crianças - concebidas e planeadas por Milosevic", afirmou Douste-Blazy.

No mesmo encontro, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Sérvia-Montenegro, Vuk Draskovic, lamentou o facto de Milosevic não ter sido julgado no seu próprio país. "Milosevic organizou muitos, muitos assassinatos de pessoas do meu partido, da minha família... Ele ordenou algumas tentativas de assassinato contra mim". "O que é que eu posso dizer? Que é uma pena que não tenha enfrentado a justiça em Belgrado", afirmou.

Um dos advogados do ex-Presidente jugoslavo, Steven Kay, afastou hoje a hipótese de suicídio, afirmando que o seu constituinte estava determinado em levar o julgamento até ao fim. Kay afirmou à agência Reuters que tinha discutido recentemente o tema do suicídio com Milosevic e que ele lhe respondera que não iria fazer mal a si próprio depois de ter lutado tanto pela sua defesa .

"Ele tem um historial de suicídios na sua família - ambos os pais -, mas a sua atitude parecia ser a oposta. Ele estava determinado em continuar a lutar neste caso", disse o seu advogado.

A presidência da União Europeia já reagiu a esta notícia, afirmando que "não muda nem altera em nada a justiça com o passado, uma herança da qual Slobodan Milosevic fez parte", afirmou Ursula Plassnik, ministra dos Negócios Estrangeiros da Áustria, país que assegura actualmente a presidência rotativa da UE.