Crise financeira acaba com futebol profissional do Estoril-Praia
O ainda presidente da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Estoril-Praia, António Figueiredo, reuniu-se hoje com o plantel para assumir o fracasso das últimas iniciativas para conseguir dinheiro para financiar o projecto.
Daúto Faquirá, treinador da equipa, anunciou ao início da tarde a sua desvinculação e os 14 jogadores que ainda permaneciam no plantel deslocaram-se ao Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol para formalizarem as cartas de rescisão de contrato.
António Figueiredo afirmou à Lusa que chegou a ter esperanças numa solução "mínima", ou seja, "liquidar pelo menos uma parte dos vencimentos em atraso (três meses e meio)" e depois tentar uma solução "definitiva" para o futebol do clube.
"Desdobrei-me em contactos de última hora, que todavia não resultaram. Por isso, a equipa do Estoril já não existe enquanto tal, pois os jogadores que se mantiveram na expectativa de uma solução já se despediram entre si, pelo que já não estarão presentes no jogo de Vila das Aves", acrescentou.
Figueiredo diz-se "traído" pelo grupo Southern CrossAntónio Figueiredo considerou ter sido "traído" pelo grupo Southern Cross - detentor de 40 por cento das acções da SAD -, por "não ter cumprido o prometido" quando os dirigentes estorilistas se deslocaram a Londres.
"Foi devido à promessa de avançar com um investimento que asseguraria a gestão da SAD até final da época que construímos uma equipa e assumimos responsabilidades que agora não nos é possível cumprir", disse António Figueiredo.
O líder da SAD "canarinha" garantiu também que a administração a que preside vai, de seguida, reunir-se e iniciar o processo de falência, entregando toda a documentação na autarquia de Cascais.
António Figueiredo desconhece qual vai ser o futuro do clube, face ao encerramento da SAD: "É praticamente certo que a curto prazo não haverá futebol sénior. As coisas agora ficarão nas mãos do Grupo Desportivo Estoril-Praia, que tem uma magnífica equipa de juniores".
Marco Paulo: "Sentimos tristeza e frustração"Marco Paulo, porta-voz do extinto plantel estorilista, lamentou a forma como o processo foi encerrado, "sem honra para nenhuma das partes, apesar de a administração ter feito esforços para que houvessem soluções".
"Sentimos tristeza e frustração porque o projecto parecia-nos credível e vai acabar antes de tempo", referiu o jogador, que regressou esta época ao clube onde se iniciou, depois de ter jogado nas últimas épocas pelo Paços de Ferreira e Belenenses.
A despedida do plantel foi um momento marcante e triste, relembra o "capitão": "Chegámos ao início da tarde e o director-geral, Vasco Casquilho, comunicou-nos que não havia dinheiro nem nenhuma solução à vista".
"Sabíamos que hoje ia ser um dia decisivo. Aguentámos até à última e agora cada jogador irá procurar alguma coisa para o seu futuro", frisou o médio estorilista. "O mercado não está fácil, mas vamos rescindir contrato e procurar clube", concluiu.