Correia de Campos: elevado número de médicos nos hospitais é uma "vergonha nacional"

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Correia de Campos reconhece que existem carapaças jurídicas que impedem a tutela e as administrações dos hospitais de acabar com o problema Tiago Petinga/Lusa

"Há 59 médicos oftamologias no Hospital dos Capuchos e no entanto se quiser uma consulta não consegue. Então isto não são médicos a mais? Isto é uma vergonha nacional", disse o ministro da Saúde.

Correia de Campos reconheceu, no entanto, que não é fácil resolver a situação porque existem "carapaças jurídicas" que impedem a tutela e as administrações dos hospitais de acabar com o problema.

"Há uma carapaça jurídica que impede a administração e o Governo de actuar directamente nesta matéria e que é alimentada pelos movimentos sindicais, pelos profissionais (do sector) e pelos interesses corporativos", afirmou o ministro.

O titular da pasta da Saúde disse ainda que essa carapaça jurídica "é muito difícil de partir, mas tem de o ser".

O responsável falava horas depois de ter afirmado que existem médicos e enfermeiros entre os funcionários que considera excedentários do sector.

O ministro garantiu, no entanto, que "não vão existir despedimentos" no sector da Saúde.

As explicações do ministro - durante uma visita que realizou ao Hospital Amadora-Sintra na tarde de ontem - surgem após o anúncio, terça-feira, na Assembleia da República, de que o sector tem trabalhadores em excesso que vão passar para um "quadro de excedentários".

No Parlamento, António Correia de Campos deu o exemplo do Hospital Santa Maria, em Lisboa, onde, disse, mil dos seis mil funcionários são considerados excedentários.

António Correia de Campos disse que estes trabalhadores "não têm razão para estar preocupados", pois estão previstas alternativas.

A este propósito, exemplificou com os trabalhadores das sub-regiões de Saúde - que vão ser extintas - e que deverão ser integrados nos centros de saúde e hospitais, onde disse faltarem profissionais.

Na terça-feira, António Correia de Campos disse aos deputados que existe um "paradoxo" neste sector: "Por um lado, temos excesso de pessoal e, por outro, trabalhadores em falta, nomeadamente em áreas como a anestesia e a ginecologia".