Morreu a pioneira dos direitos civis Rosa Parks
Parks morreu na sua casa durante a noite, enquanto dormia, rodeada pelos seus amigos mais chegados, segundo contou o advogado Gregory Reed, que a representava há 15 anos.
No dia 1 de Dezembro de 1955, a costureira Rosa Parks, então com 42 anos de idade, viajava num autocarro em Montgomery, no estado do Alabama. Apesar da legislação que obrigava os negros a ceder os seus lugares aos brancos, Parks recusou-se a cumprir a ordem de um homem branco, que queria sentar-se no seu lugar.
Rosa Parks foi presa, à semelhança do que já tinha sucedido a duas mulheres negras da mesma cidade, pelo mesmo motivo. Para além da detenção, Parks foi multada em 14 dólares.
O facto de ter sido presa teve efeitos inéditos. A população negra de Montgomery boicotou durante 381 dias a rede de transportes públicos local, num acto instigado pelo então pouco conhecido pastor baptista Martin Luther King Jr.
O movimento de direitos civis, que defendia a igualdade, começou com esse boicote em Montgomery e culminou, em 1964, com o Civil Rights Act, a lei que proibiu a discriminação racial em espaços públicos.
O protagonismo de Rosa Parks impediu-a de encontrar emprego no estado do Alabama. Após muitas ameaças, Parks e o marido mudaram-se para Detroit. Rosa Parks continuou o seu trabalho de activista e deu nome a um instituto, juntamente com o seu marido (que morreu em 1997), dedicado ao desenvolvimento dos jovens de Detroit.
Em 1992, Rosa Parks comentava o seu papel na mudança histórica dos Estados Unidos com modéstia. "A verdadeira razão por que não me levantei foi porque senti que tinha o direito de ser tratada como qualquer outro passageiro. Suportámos aquele tipo de tratamento demasiado tempo". "Quando fui presa não tinha ideia de que se ia transformar nisto", disse Rosa Parks sobre a eclosão do movimento de direitos civis. "Foi só um dia como qualquer outro. A única coisa que o tornou significativo foi que as massas aderiram".
Os seus últimos anos, segundo a Associated Press, não foram isentos de problemas. Foi alvo de um assalto que a deixou ferida e o seu instituto debateu-se, desde sempre, com problemas financeiros.
O ex-Presidente dos EUA Bill Clinton disse um dia que Rosa Parks era "uma mulher de grande coragem, graça e dignidade", uma "inspiração para todos os que trabalham para o dia em que seremos uma América".