Perguntas e Respostas O que é fusão nuclear? A fusão nuclear consiste na combinação de dois átomos leves para formar um átomo mais pesado mas cuja massa é inferior à soma dos dois primeiros. A diferença entre a massa dos dois átomos iniciais e a massa do átomo resultante é libertada sob a forma de energia. A fusão nuclear é o processo que ocorre no interior das estrelas e que lhes fornece a sua energia. Para produzir a quantidade de electricidade que se gasta no mundo por ano são necessários 1.700 milhões de toneladas de carvão ou 85.000 toneladas de urânio processado em centrais nucleares convencionais de fissão ou 1.000 toneladas de lítio processado em reactores de fusão. Um único grama de combustível utilizado numa central de fusão nuclear pode produzir uma quantidade de energia superior à que se obtém quando se queimam 10.000 litros de petróleo. O que é o Tokamak? Máquina no interior da qual se realiza a fusão nuclear com confinamento magnético. Sigla russa da expressão “câmara toroidal magnética”, um “tokamak” é uma máquina que tem a forma de uma câmara de ar ou de um “donut” oco. Em torno da câmara, no exterior, estão colocados ímanes gigantescos que criam o campo magnético que vai confinar o plasma. No interior da câmara, que é revestida a berílio, colocam-se detectores que permitem controlar o que se passa durante as experiências. O que é o Confinamento? Para conseguir a fusão de dois átomos é necessário fazê-los chocar um contra o outro com uma energia suficientemente alta para que os seus núcleos possam suplantar a natural oposição das suas cargas eléctricas idênticas e se possam fundir. Esta energia é fornecida aos átomos sob a forma de calor - várias centenas de milhões de graus - mas para evitar que eles “fujam” uns dos outros e colidam de facto é necessários confiná-los num pequeno volume. Existem basicamente duas formas de obter este confinamento. O “confinamento inercial” consiste na utilização de vários raios laser que, vindos de diversas direcções, se concentram sobre um pequeno volume de gás e o fazem “implodir”. O outro método, que é o utilizado nos “tokamak”, consiste na utilização de um campo magnético que “aperta” o pequeno volume de gás. |
França vai acolher primeiro reactor experimental de fusão nuclear
A decisão foi adoptada numa declaração conjunta assinada hoje em Moscovo pelos países que compõem o consórcio que financia o projecto: União Europeia, Estados Unidos, Japão, Rússia, China e Coreia do Sul.
Para além da cidade de Cadarache, a japonesa Rokkasho Mura, a canadiana Clarington e a espanhola Vandellós também se tinham candidatado para receber o reactor.
A escolha da França para sede do primeiro reactor experimental termonuclear internacional (ITER) coloca a União Europeia numa posição de vanguarda no desenvolvimento desta promissora fonte de energia renovável, limpa e barata.
O programa de investigação científica e estratégica do reactor está orçado em 10 mil milhões de euros durante os próximos 30 anos.
A escolha pôs termo a um prolongado braço de ferro entre o Japão, apoiado por Washington e Seul, e a União Europeia, que contava com o apoio de Moscovo e Pequim.
Tóquio bateu-se com unhas e dentes durante meses para defender a localização do projecto em Rokkasho-Mura, no norte do arquipélago, até que o governo japonês deu a entender, na semana passada, que iria retirar a sua candidatura, a troco de compensações cujos detalhes deverão ainda hoje ser anunciados.
O que o distingue um reactor termonuclear das actuais centrais nucleares é basear-se na fusão e não na fissão nuclear, libertando no processo apenas hélio, um gás inerte e inofensivo, e não resíduos perigosos.A fusão termonuclear controlada tem por ambição reproduzir a energia que se gera no Sol e nas estrelas.
O processo, longe ainda de estar dominado, consiste em fundir núcleos de átomos de deutério (isótopo pesado do hidrogénio) para formar trítio (outro isótopo, mas leve, do hidrogénio), produzindo uma grande quantidade de energia.
Embora sejam necessários anos de experiências para se chegar à produção comercial de electricidade desta forma, o processo perfila-se como uma das alternativas mais fiáveis para enfrentar a crise energética resultante do previsível esgotamento das reservas de combustíveis convencionais, como o petróleo, o gás e o carvão.
Criado sob a égide do Organismo Internacional de Energia Atómica (OIEA), o projecto ITER é o programa de cooperação científica internacional mais importante depois da Estação Espacial Internacional (ISS).