Bispo de Leiria diz-se vítima da linha conservadora no Santuário de Fátima

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Alguns grupos católicos exigem uma linha conservadora, condenando a recepção de outras religiões no Santuário de Fátima Paulo Cunha/Lusa

Esta manhã, durante a homilia na Peregrinação Aniversária de Maio, o cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, rejeitou transformar o Santuário de Fátima num templo inter-religioso, reafirmando a pureza da mensagem de Nossa Senhora de Fátima, em directa obediência à hierarquia católica. D. José Policarpo reagia assim às críticas lançadas por sectores mais conservadores contra a abertura do Santuário ao diálogo com outras religiões.

Para D. Serafim Ferreira e Silva, esta questão pode obrigar a uma tomada de posição clara da hierarquia católica. "As ondas vêm e passam e essa onda, fruto de um certo equívoco, já passou há muitos meses", afirmou o prelado à Lusa, confessando que se sentiu "um pouco vítima de mal-entendidos" gerados por esses grupos integralistas.

"Já passou o tempo, mas se entretanto surgir outra onda [de críticas], espero que a experiência, a lucidez e o dinamismo" da hierarquia do Vaticano leve a uma condenação "com muita coragem e muita clareza".

No final da Peregrinação Aniversária de Maio, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, também contestou a campanha. Segundo o responsável, os grupos críticos "gostariam que Fátima não tivesse toda esta implantação e toda esta vivência cristã e continuasse numa linha mais tradicionalista".

Porém, D. Jorge Ortiga sustenta que Fátima é um "lugar que acolhe toda a gente, mas não se trata de um local inter-religioso ou inter-confessional" e que "acolherá toda e qualquer pessoa que passar por aqui, individualmente ou em grupo".