Primeiro-ministro guineense desvaloriza alerta do Governo português

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O Governo guineense admite que próximos dias são de suma importância para a estabilidade do país Ricardo Bordalo/Lusa

Numa nota difundida sábado no sítio da Secretaria de Estado das Comunidades, o Ministério dos Negócios Estrangeiros aconselha os cidadãos nacionais “a evitarem deslocar-se nos próximos dias para aquele país, até que a situação esteja clarificada”. Sem dramatizar a situação, o MNE explica que o alerta representa um “mero exercício de precaução” face aos desenrolar do processo eleitoral em Bissau, “passível de criar instabilidade”.

Questionado sobre este aviso, Carlos Gomes Júnior considerou “natural” que o Governo português se preocupe com os seus cidadãos, mas desvalorizou o risco, sustentando que se trata apenas de “medidas cautelares levadas ao extremo”.

Ainda assim, o primeiro-ministro guineense admite que os próximos dias serão decisivos para a estabilidade da Guiné-Bissau, “pois vão ser anunciados os candidatos que podem concorrer às presidenciais”.

O Supremo Tribunal deverá anunciar esta semana quais os candidatos aptos a concorrer às eleições agendadas para 19 de Junho e o Governo teme distúrbios caso a instância recuse as candidaturas dos antigos presidentes João Bernardo "Nino" Vieira e Kumba Ialá.

"Estamos a enfrentar esta situação com toda a naturalidade. Mas é uma situação que aumenta ainda mais a responsabilidade dos cidadãos guineenses para que possamos enfrentar este momento com paz e serenidade", afirmou.

"Estamos serenos e as forças da ordem também", afirmou o chefe de Governo, revelando ter-se encontrado sábado passado com o general Tagmé Na Waie, chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, que lhe deu garantias de que os militares estão atentos "ao desenrolar da situação" e "em prevenção".

Questionado pelos jornalistas sobre o êxodo da população de Bissau, que está a abandonar a cidade em direcção ao interior por temer confrontos nas ruas, o primeiro-ministro disse ser compreensível que, tendo em conta o que se registou no passado, "as pessoas estejam apreensivas".

Ainda assim, Gomes Júnior acredita que “ chegou o tempo de o próprio povo da Guiné-Bissau, bem como os seus responsáveis políticos, tirarem ilações das consequências nefastas que estas situações de guerra e perturbações trouxeram para o país”.