Sudão disposto a aceitar reforço do contingente militar da União Africana no Darfur
A posição de Cartum foi anunciada pouco antes do início do terceiro dia de conversações entre o Governo sudanês e os dois grupos rebeldes do Darfur, a decorrer desde segunda-feira na Nigéria, país que preside actualmente à UA.
A UA "poderá precisar de forças suplementares, a acrescentar às enviadas para proteger os observadores [do cessar-fogo], a fim de fiscalizar o acantonamento dos rebeldes", declarou o ministro sudanês da Agricultura, afirmando que as duas partes "chegaram a acordo sobre esta matéria".
O ministro garantiu, contudo, que a protecção das populações civis do Darfur, no oeste do Sudão, continuará a ser uma responsabilidade de Cartum.
Ao contrário das recomendações internacionais, o Governo sudanês está apenas disposto a autorizar um pequeno reforço do contingente da UA que já se encontra no país, composto por pouco mais de 80 efectivos, que têm por missão proteger os observadores da organização.
Ontem, o International Crisis Group (ICG) publicou um relatório que acusa o Governo sudanês de não estar a cumprir "de forma satisfatória" as exigências feitas pelo Conselho de Segurança, nomeadamente o desarmamento das milícias árabes pró-governamentais, responsabilizadas pelos ataques contra a população do Darfur. Nesse sentido, o instituto de investigação defendia o envio de mais 300 militares da UA para a região, com a missão de defender a população civil de novos ataques.
Entretanto, as negociações em Abuja prosseguem pelo terceiro dia consecutivo, sem que até ao momento tenham sido alcançados resultados visíveis, já que os representantes dos grupos rebeldes recusam depor as armas enquanto as milícias pró-governamentais não forem desarmadas e o Governo não aceitar discutir formas de pôr fim "à marginalização" política e económica do Darfur. Por seu lado, Cartum não reconhece aos grupos rebeldes legitimidade para falar em nome das populações locais, remetendo a discussão de questões políticas para mais tarde.
O Governo sudanês está, contudo, muito pressionado pela comunidade internacional, já que expira na próxima semana o prazo dado pelo Conselho de Segurança da ONU para que Cartum comece a desarmar as milícias, sob pena de serem aplicadas sanções políticas contra o país. Até ao momento, os observadores consideram que os progressos alcançados são insatisfatórios.