Alegados terroristas voltam a ameaçar Itália e Berlusconi
O grupo, o primeiro a ser associado aos atentados de 11 de Março em Madrid, avisava no primeiro comunicado online: "as nossas células em Roma e noutras cidades italianas estão dispostas a levar a cabo a sua missão se o governo italiano não retirar as suas tropas do Iraque antes de um prazo que acaba no dia 15 deste mês". Contudo, no seu próprio sítio na Internet, as Brigadas de Abu Hafs Al Masri negaram, após o primeiro comunicado, ter emitido o ultimato.
O comunicado de hoje indica que o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, é um dos principais alvos, acrescentando que os ataques em Itália não pararão enquanto o Iraque não estiver "seguro". "Hoje declarámos o início de uma guerra sangrenta e, pela vontade de Deus, o solo estremecerá sob os pés de cada e todos os italianos", dizem os islamitas no comunicado, cuja autenticidade é impossível comprovar. "Não pararemos até que os muçulmanos possam celebrar a vossa saída do Iraque", dizem.
Berlusconi é avisado de que "pode pagar com a sua cabeça os crimes que as suas tropas cometeram e ainda estão a cometer no Iraque." "Declaramos Berlusconi como nosso alvo e... não pararemos os nossos raides neste país e ele não gozará a paz até que o Iraque esteja seguro", ameaça o grupo, que reclama a autoria de vários ataques, mas cuja ligação à Al-Qaeda ou aos atentados nunca foi comentada oficialmente.
Perante a ameaça de há duas semanas, a Itália aumentou a segurança nos locais de culto e de significado religioso.
Vários grupos terroristas têm recorrido ao sequestro de estrangeiros no Iraque ou às ameaças sobre alvos dos países envolvidos na coligação militar que se encontra no Iraque para conseguir a retirada dos aliados dos EUA do Iraque. Um desses momentos foi o 11 de Março de Madrid, em que 190 pessoas perderam a vida após atentados contra comboios na capital espanhola. Dias depois, as eleições ditaram a vitória dos socialistas de Jose Luis Zapatero, que ordenaram a retirada das tropas espanholas do Iraque.
Também as Filipinas, após o sequestro de um cidadão no Iraque, optaram por ceder às exigências dos terroristas e salvar a vida do seu compatriota com a garantia do abandono do Iraque, que começou a 16 de Julho.
As brigadas que alegadamente assinam os comunicados em causa serão o primeiro grupo que surgiu, a 11 de Março, após os atentados de Madrid, associado aos ataques. O jornal sediado em Londres "Al Quds Al Arabi" recebeu um comunicado da Al-Qaeda em que as Brigadas de Abu Hafs Al Masri assumiam o "ajuste de contas" com Espanha.
Abu Hafs Al Masri é apenas um dos muitos nomes que o conhecido terrorista utilizava. Também conhecido como Mohamed Atif ou Sobhi Al Sitta, Abu Hafs Al Masri (Abu Hafs El Egipcio), como assinala a agência espanhola EFE, foi um dos ajudantes de Ayman Zawahiri, tenente de Bin Laden. Participou nos atentados anti-americanos no Quénia e na Tanzânia e tornou-se sogro do filho de Osama bin Laden em 2001. Morreu em Novembro de 2001 na sequência da ofensiva americana sobre Cabul, no Afeganistão. As brigadas com o seu nome são o braço armado da Al Qaeda.