Sida: número de pessoas em tratamento aumenta, mas é preciso mais dinheiro

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A falta de apoio financeiro colocou entraves à OMS no avanço dos projectos no início deste ano DR

Em comunicado divulgado hoje, na véspera do início da XV Conferência Internacional sobre sida, na Tailândia, a OMS destaca que, seis meses depois de a organização ter lançado a estratégia "Três milhões de pessoas tratadas até 2005", em conjunto com a agência das Nações Unidas para o VIH/Sida (ONUSIDA), foram alcançados "progressos consideráveis" no acesso mais facilitado a tratamentos.

Porém, o número de pessoas que recebe actualmente tratamento, cerca de 440 mil, é inferior às 500 mil fixadas pela estratégia, publicada em Dezembro de 2003.

"Resta ainda muito por fazer, e é necessário fazê-lo com urgência" para que o mundo atinja o objectivo da estratégia e trate três milhões de pessoas que vivem com sida nos países em desenvolvimento até 2005, alerta a OMS.

De acordo com o plano VIH/Sida 2004-2005 da OMS, é necessário recrutar, num curto espaço de tempo, cem mil profissionais de saúde e agentes comunitários em vários países, já que milhões de pessoas têm necessidade de saber se estão ou não infectadas com o VIH e os tratamentos têm de estar disponíveis em inúmeros locais em todo o mundo.

É igualmente necessário um maior apoio financeiro, pois a OMS estima que a disponibilização de tratamentos a três milhões de pessoas, até 2005, custe um total de 4,4 mil milhões de euros.

A própria OMS tem necessidade de 50 milhões de euros suplementares para fornecer aos vários países a assistência técnica e os outros serviços de que estes necessitam.

Desejosos de acelerar os progressos na luta contra a doença, os países mais afectados têm pedido à OMS que os auxilie tecnicamente na formação de profissionais de saúde, reforço das suas capacidades e na compra e distribuição dos medicamentos.

A falta de apoio financeiro colocou entraves à OMS no avanço dos projectos no início deste ano mas, depois de anúncios feitos por doadores, nomeadamente o Canadá, o Reino Unido e a Suécia, o fornecimento de assistência técnica e o recrutamento de pessoal responsável por alargar o acesso aos tratamentos já está em curso.

"Está-se no bom caminho mas os progressos são muito lentos", alerta o médico Jim Yong Kim, director do departamento VIH/Sida da OMS, enfatizando que "restam 18 meses aos governos, às organizações não governamentais e aos outros parceiros para tornarem a prevenção, o tratamento e os cuidados mais acessíveis nos países em desenvolvimento".

No comunicado, a OMS dá também conta de que o tratamento de primeira linha com medicamentos em associações fixas continua a baixar, sendo o seu custo de referência actual de cerca de 121 euros anuais por pessoa, o que corresponde a uma diminuição do mesmo valor em menos de um ano.

Mas, assinala a OMS, nos vários países onde o tratamento de primeira linha ainda é demasiado caro não foram aprovados os anti-retrovirais genéricos, enquanto o custo dos tratamentos de segunda linha continua elevado.