Perfil de Valentim Loureiro O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Valentim Loureiro, investigado num caso de corrupção na arbitragem portuguesa, é um dos mais antigos dirigentes desportivos no activo. Valentim Loureiro, que foi hoje detido no âmbito da operação da Polícia Judiciária (PJ) "Apito Dourado", iniciou a sua carreira de dirigente desportivo em 1968, quando integrou pela primeira vez os órgãos sociais do Boavista. Convidado inicialmente para a vice-presidência das actividades desportivas, Valentim Loureiro, de 65 anos, assumiu igualmente a chefia do departamento de futebol do clube. Em 23 de Fevereiro de 1978, Valentim Loureiro é eleito presidente da direcção, cargo que ocupa até Março de 1980. Dois anos depois, regressou à presidência, onde se manteve até Dezembro de 1996, altura em que se auto-suspendeu de funções para poder assumir a tempo inteiro a LPFP. Ao longo da sua liderança no clube, Valentim Loureiro foi dotando os "axadrezados" de condições para poderem reduzir o fosso que os separava dos três “grandes” do futebol português, tendo ganho várias Taças de Portugal e lançado as raízes para o primeiro e único título de campeão nacional. Na temporada de 2000/2001, já sob a presidência do seu filho, João Loureiro, o presidente da Liga vê finalmente os "axadrezados" sagrarem-se campeões de Portugal, tornando-se o Boavista no segundo clube, juntamente com o Belenenses, a intrometer-se entre os "grandes" na conquista de títulos nacionais. Além de dotar o clube de condições para se aproximar das formações mais poderosas, Valentim Loureiro procurou igualmente dar outras infra-estruturas ao Boavista, clube que recentemente modernizou o seu estádio, sendo este um dos dez palcos do Euro 2004, que vai decorrer em Portugal entre 12 de Junho e 4 de Julho. Em 1972, Valentim Loureiro participou na comissão com vista à aquisição dos terrenos do estádio e esteve, com Olímpio Magalhães, no arranque do remodelado Estádio do Bessa. Durante os seus mandatos, Valentim Loureiro deixou o seu nome ligado a um grande crescimento patrimonial, realçando-se a construção do complexo de ténis, dos campos de treinos, do Pavilhão Acácio Lello e dos ginásios Paulo Garcês. |
Comunicado da Polícia Judiciária Operação "Apito Dourado" A Polícia Judiciária, através da Directoria do Porto, desencadeou a partir da madrugada de hoje uma vasta acção policial no âmbito de investigações em curso destinadas a verificar a existência de comportamentos ilícitos susceptíveis de alterarem a verdade e lealdade na competição desportiva e seus resultados. No decurso da complexa operação, a Polícia Judiciária procedeu à detenção de 16 (dezasseis) pessoas, dirigentes desportivos e árbitros, com idades compreendidas entre 31 e 67 anos, por haver fortes indícios da prática de crimes de falsificação de documentos, corrupção no fenómeno desportivo e tráfico de influências, tendo realizado cerca de 60 (sessenta) buscas em domicílios e organismos desportivos e autárquicos, para detecção e apreensão de material probatório. A intervenção policial abrangeu uma área geográfica que vai desde Bragança a Setúbal, com especial incidência na zona Norte, implicando centena e meia de investigadores e a permanente disponibilidade funcional das autoridades judiciárias envolvidas. A extensa acção ora desencadeada é consequência de investigações há largo tempo iniciadas pela Polícia Judiciária visando apurar um conjunto de suspeitas suscitadas quanto ao falseamento de resultados desportivos obtidos através das arbitragens e vai prosseguir até à completa clarificação daquelas mesmas suspeitas. Os detidos irão ser presentes às autoridades judiciárias competentes para primeiro interrogatório judicial e aplicação de medidas de coacção que forem julgadas adequadas. 20 de Abril de 2004 |
"Apito Dourado": detidos vão ser ouvidos esta tarde
O representante do presidente da Liga de clubes e um dos detidos presentes a tribunal revelou que a juíza Ana Cláudia Nogueira, responsável pelo processo, vai começar por ouvir António Henriques, Francisco Costa e Carlos Silva, membros do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), e Paulo Torrão, director do departamento de informática da FPF.
Lourenço Pinto está "confiante" e garantiu que não vislumbra outro cenário "que não seja a libertação de Valentim Loureiro", que deve ser ouvido esta tarde ou noite, uma vez que o prazo legal para testemunhar termina amanhã por volta das 09h00, cumpridas 48 horas após a sua detenção.
O causídico Quelhas de Lima, que representa José António Pinto de Sousa, presidente do Conselho de Arbitragem da FPF, também não sabe a que horas o seu cliente vai ser ouvido, pelo que vai "aguardar serenamente no escritório pelo telefonema do tribunal".
Lourenço Pinto manifestou-se esperançado de que os arguidos pudessem sair para almoço, mas até ao momento a única movimentação é a de funcionários do tribunal a transportar sanduíches.
Os suspeitos vão ser ouvidos no Tribunal de Gondomar no âmbito de uma investigação sobre tráfico de influências, corrupção e falsificação de documentos denominada "Apito Dourado" e que tem com principal objectivo apurar eventuais comportamentos ilícitos susceptíveis de alterarem a verdade e lealdade na competição desportiva e seus resultados.
A "mega-operação" da Polícia Judiciária, que conduziu ontem à detenção de pelo menos 16 pessoas, entre dirigentes desportivos e árbitros, envolveu 60 buscas em domicílios e organismos desportivos e autárquicos, entre os quais as sedes da Liga e da FPF.
Os suspeitos passaram a noite no estabelecimento prisional do Ministério Público instalado na Policia Judiciária do Porto.