Lâmpadas fluorescentes com mercúrio já podem ser recicladas em Portugal

O Centro de Informação de Resíduos da Quercus explica, em comunicado divulgado hoje, que o mercúrio existente nas lâmpadas é um "metal pesado extremamente tóxico que pode originar danos permanentes nos rins, cérebro e no desenvolvimento dos fetos".

Segundo Pedro Carteiro, da Quercus, são produzidas em Portugal dez milhões de lâmpadas por ano. Mas, de momento, a maioria vai parar a aterros e aos fornos de incineradoras. Apenas uma pequena percentagem das empresas as envia para reciclagem fora do país. " A colocação em aterro ou a incineração não são destinos adequados, uma vez que originam poluição da água e do ar com mercúrio", alerta a associação.

Agora, a Ambicare Industrial no Parque Industrial da Mitrena, em Setúbal, tem capacidade para reciclar metade do que é produzido, ou seja, cinco milhões de lâmpadas, estando prevista para breve uma outra unidade no Barreiro. O processo permite a valorização de 90 por cento do vidro, oito por cento do metal, 0,1 por cento do mercúrio e 1,8 por cento de pó de fósforo, ou seja, quase a totalidade dos componentes das lâmpadas.

Depois, o vidro reciclado é utilizado na indústria cerâmica, o metal é enviado para a siderurgia, o mercúrio é utilizado em diversas aplicações industriais, enquanto que o pó de fósforo resultante pode ser reciclado e reutilizado, por exemplo, na indústria de tintas.

"As indústrias agora já não têm desculpa para não aplicar a legislação porque existe uma solução para estes resíduos", disse ao PUBLICO.PT. "Apelamos às autoridades - como o Instituto de Resíduos e a Inspecção Geral do Ambiente - para pressionarem os industriais a cumprirem a legislação e a preencherem correctamente os mapas de resíduos", acrescentou. Até ao momento, a maioria das empresas não tem identificado as lâmpadas como um resíduo específico, misturaram-as com os outros resíduos e impossibilitando a sua recolha e reciclagem.

Cidadãos devem pressionar autarquias para criar sistemas de recolha

Mas se a Ambicare em Setúbal faz uma grande diferença para os industriais, o mesmo não acontece para os cidadãos. "Desde 1997 que está prevista a recolha selectiva de pequenas quantidades de resíduos perigosos domésticos, incluindo o financiamento do Governo para as autarquias", lembra Pedro Carteiro. "Ainda não há câmara nenhuma a promover sistemas de recolha destes resíduos, pelo menos, que tenhamos conhecimento".

Resta, por isso, aos cidadãos pressionar as suas autarquias e exigir este serviço. "Tanto mais que, gradualmente, as pessoas estão a ficar mais conscientes dos perigos destas substâncias".

Sugerir correcção
Comentar