O apurado sentido de palco da banda norte-americana, a forte presença da vocalista Amy Lee e um leque de canções entoado palavra por palavra pelo público foram os condimentos para um concerto avassalador, que certamente terá deixado satisfeito qualquer fã da banda.
Embora ainda relativamente frescos nestas andanças (só têm um álbum no currículo e ainda lhes falta provar que são mais do que uma “banda-fenómeno-de-um-momento”), os Evanescence protagonizaram uma noite estimulante e souberam dar ao público exactamente o que era esperado: metal, emoções, entrega, uma encenação eficaz e muita energia.
Mas, sem retirar mérito à banda, a noite foi ganha sobretudo pelo público, que entrou no Coliseu já conquistado pelo disco de estreia, “Fallen”. Foi sem dificuldade que os Evanescence agarraram a multidão do primeiro ao último acorde. E, conhecida que é a exigência do público português, não deixa de ser surpreendente a forma como Amy foi aplaudida mesmo quando o teclado que a acompanhava teimou em desafinar constantemente ao longo de “Breath no more”. Quem gosta, perdoa sempre.
Perdoou-se também a má qualidade do som, que não deixou ouvir com a definição desejada a voz de Amy, essa voz possante, firme e ao mesmo tempo tão frágil que constituiu o grande trunfo da banda. Chegou a soar um pouco estridente, talvez por tentar ultrapassar o facto de ser muitas vezes abafada pelos instrumentos.
Os Evanescence ficaram maravilhados com o público do Coliseu. Era fantástico estar ali e não podia ter arrancado melhor a digressão europeia, diziam a Lisboa. A plateia, já se sabe, não poupou aplausos nem isqueiros, mesmo se a transposição das músicas para o formato “ao vivo” traía a superprodução que as caracteriza em disco.
Vestidos de preto, em reflexo do tom negro do álbum, os Evanescence abriram com “Haunted”, ao qual se seguiu o êxito “Going under”. Os melhores momentos passaram pelo inevitável “Bring me to life” (rastilho do sucesso que vivem nas tabelas de todo o mundo, Portugal incluído) e por “My Immortal”, uma balada capaz de arrepiar a sala das Portas de Santo Antão.
Num concerto curto, mas completo, houve espaço até para uma visita ao repertório dos Smashing Pumpkins, com um “Zero” ultra-feminino a brotar do final de “Even in death”.
A despedida, perante um Coliseu tão rendido quanto possível, fez-se em alta rotação, com Amy a repetir mais uma vez a postura irrequieta de quem não perde nunca o controlo da voz , mesmo quando corre, rodopia os longos cabelos negros ou chama pelo público. Esse, saiu visivelmente satisfeito.