Queda de avioneta no mar da Madeira provocou dez mortos de Málaga

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As buscas foram ontem suspensas Duarte Sá/Lusa

Das buscas desencadeadas logo após a tragédia, ocorrida na noite de quinta-feira, resultou apenas o resgate de um cadáver e destroços da fuselagem, muito fragmentados, a evidenciar a violência do impacto da aeronave particular no mar, normalmente agitado naquela zona.

A bordo do aparelho, um Beechcraft King Air 200, de 1977, viajavam três casais da cidade espanhola de Marbelha, com três crianças, e o piloto, de nacionalidade inglesa, amigo e vizinho dos passageiros, tendo os adultos idades compreendidas entre 28 e 38 anos. Francisco Morales e mulher Josefa Sanchez, Jorge Juan Arenas e mulher Manuela Martin, com os seus dois filhos, e David Cruzes Choi e Patricia Arenas, também acompanhada de sua filha menor, tinham chegado à Madeira, na passada segunda-feira, para umas curtas férias.

O pequeno bimotor descolou do aeroporto da Madeira cerca das 22 horas, mas o radar da torre perdeu o seu sinal quatro minutos depois da descolagem, tendo até então estabelecido contacto considerado normal com os controladores deste espaço aéreo. Pela alteração de rota entretanto subitamente empreendida, numa eventual tentativa de regresso à pista, poderá deduzir-se que tenha surgido uma avaria num dos motores quando o aparelho sobrevoava a extremidade leste da ilha, a uma altitude próxima dos 300 metros, precipitando-se posteriormente no mar, a cerca de duas milhas da costa madeirense e a uma profundidade próxima dos 80 metros.

Com centro de coordenação montado na marina da Quinta do Lorde, nas buscas desenvolvidas à volta da Ponta de São Lourenço, entre o Caniçal e o Porto da Cruz, participaram meios marítimos e aéreos, da Marinha de Guerra e Força Aérea Portuguesas, além de elementos do Serviço Regional de Protecção Civil, bombeiros, socorristas do SANAS e embarcações privadas. Esta manhã serão retomadas as operações, suspensas ontem ao fim da tarde devido ao estado alteroso do mar.

À Madeira chegam hoje os elementos da comissão de inquérito ordenado pela autoridade aeronáutica portuguesa para investigar as causas do acidente. São igualmente esperados familiares das vítimas que, entretanto, no aeroporto de Málaga, têm sido acompanhados por uma equipa de psicólogos colocada à sua disposição pelo governo daquela província espanhola.

Desde a inauguração do aeroporto em 1964, este é o quarto acidente aéreo registado na Madeira, embora os três tenham ocorrido sobre o mar, a algumas milhas da pista. Em Fevereiro de 1973, um Caravela da companhia espanhola Aviaco caiu no oceano, a sul do aeroporto, tendo morrido os sete membros da tripulação, únicas pessoas a bordo. Em Novembro de 1997, devido a falha na aterragem operada com condições atmosféricas desfavoráveis, um Boeing 727/200 da TAP despenhou-se na extremidade oeste da pista, registando-se 131 mortos e 31 sobreviventes. Um mês depois, um Super-Caravela da companhia suiça SATA, caiu também no oceano, a oito milhas do Porto Novo.

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