Big Brother: baralhar e voltar a dar

Quem o afirma é a própria apresentadora, Teresa Guilherme, que, em várias entrevistas, avisou: "Os concorrentes vão chatear-se ao fim de dois dias." Porquê?

Apesar de uma intensa promoção à estreia do concurso, tanto a TV de Queluz como a produtora Endemol têm guardados a sete chaves os segredos da próxima temporada - o que faz parte da sua estratégia de "marketing", ao mesmo tempo que proporciona especulações de toda a ordem na imprensa especializada em conteúdos televisivos.

"Se na primeira ou segunda [edição do concurso] o importante era criar a notoriedade do produto, hoje o Big Brother é uma marca tão notória que basta relembrar as pessoas e anunciar a data de estreia. É preciso reforçar a marca para que cresça a curiosidade, levando as pessoas a acompanhar o programa desde o primeiro dia", confessou à "TV Guia" a responsável de "marketing" da TVI, Maria Ana Borges de Sousa, sublinhando a importância de manter segredo sobre as prometidas novidades.

Todavia, algumas publicações arriscam desvendar o novo modelo do "reality-show", anunciando que nas instalações do concurso, filmado na Venda do Pinheiro, mesmo ao lado da sede de outro "reality-show" que a Endemol produz para a RTP (Operação Triunfo), haverá uma área de pobres e outra de ricos.

Isto é, a dinâmica do jogo passa por superar um conjunto de obstáculos - nomeadamente ser seleccionado pelo "líder" do grupo - para se poder ter todas as mordomias: boa comida, móveis confortáveis, entretenimento e pequenos extras, como hidromassagem. Aos não seleccionados, resta um quarto modesto e os alimentos essenciais.

A TVI não quer confirmar estas informações, mas tudo indica que assim será, visto que o formato foi já testado na Holanda, país natal da Endemol.

As novidades, que pretendem apimentar o programa, têm por objectivo introduzir alterações num modelo algo previsível e que se prepara para enfrentar dois concursos com muitos pontos em comum: Operação Triunfo, da RTP1, e Ídolos, da SIC, ambos "reality-shows" de formação de sucessos musicais.

E se a TVI parece não temer servir "mais do mesmo" neste contexto, também os potenciais concorrentes não deixam de apostar num concurso ao qual boa parte dos anteriores participantes tecem duras críticas. Vencedores ou vencidos, muitos dos chamados "ex-residentes" lamentam a exploração que representa os seus contratos com a Endemol; a devassa da vida privada que a fama lhes trouxe; as pressões psicológicas e sociais em que se deixaram enredar e os negócios obscuros para que certos "agentes" mal intencionados os empurraram. Contudo, e segundo a TVI, foram mais de 120 mil as inscrições para a fase de selecção.

O fenómeno, aliás, sucede um pouco por todos os 23 países onde o Big Brother se instalou, de Espanha à África do Sul, dos Estados Unidos à Alemanha.

Até em países onde se fala de uma quinta edição, como no Reino Unido, o concurso continua a envolver também os telespectadores - que mantêm fóruns na Internet mesmo quando o programa não é emitido. Os espectadores britânicos pedem agora para poderem visitar a casa onde decorre o Big Brother e conviver com os concorrentes.

O certo é que, onde quer que tenha sido exibido, o "reality-show" conquistou audiências fortíssimas, com quotas de mercado quase sempre acima dos 30 por cento e, em certos casos, ultrapassando os 50 por cento. Apesar de completar cinco anos (desde a sua criação) em Setembro, o Big Brother foi eleito Formato Internacional do Ano, no Festival de Televisão de Monte Carlo, que decorreu em Julho passado - um galardão a juntar aos mais de 30 prémios recebidos em todo o mundo.

O concurso terá tido ainda um papel importante nos resultados financeiros do grupo Endemol no primeiro semestre deste ano. Numa altura em que todos os produtores e operadores se choramingam devido à crise, a Endemol registou nos primeiros seis meses de 2003 receitas na ordem dos 399 milhões de euros - representando um crescimento de 6,9 por cento face a igual período do ano passado. Só no mercado europeu, esse crescimento foi de 15 por cento.

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