Enatur: Tutela e sindicato divergem nos números de adesão à greve nas pousadas

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Para os sindicatos, as pressões da administração da Enatur conseguiram influenciar a greve, que hoje decorre nas Pousadas de Portugal, embora se verifiquem casos de adesão em todas as unidades.

Francisco Figueiredo, da Federação dos Sindicatos de Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT), avançou à Lusa que há trabalhadores em greve em todas as pousadas, no entanto, os níveis de adesão são diferentes de unidade para unidade.

Esta ideia não é corroborada pelos responsáveis da empresa, e o balanço geral apresentado, através da Secretaria de Estado do Turismo refere 30 funcionários em greve, de um total de 1200, dos quais possivelmente metade estaria a trabalhar no turno da manhã.

Com base em informação fornecida pela Enatur, a Secretaria de Estado salienta que nenhuma pousada encerrou e todos os serviços estão a funcionar, incluindo a restauração.

Na zona norte do país, as unidades de Vila Nova da Cerveira, S. Gonçalo, de Bragança, Alijó e Santa Maria de Oliveira não têm qualquer trabalhador a aderir à greve, segundo a Secretaria de Estado. Na pousada de Viana do Castelo há um caso de greve, no total de 40 trabalhadores, e na de Guimarães dos 50 funcionários, quatro estão em greve. Ainda não existem dados disponíveis acerca das outras regiões do país.

Uma fonte da Secretaria de Estado concluiu que "não há qualquer perturbação dos serviços e os clientes não chegaram a ter percepção de que está a decorrer uma greve".

Ao contrário, o sindicalista Francisco Figueiredo refere os casos das pousadas de Castelo de Bode, onde não há refeições, tal como acontece em Óbidos, onde se verifica "uma elevada adesão" à greve. Refere ainda situações de estagiários a exercer funções de funcionários em greve e da contratação de trabalhadores extra para fazer face a eventuais falhas no serviço de hoje, sem concretizar em que pousadas.

O responsável da FESAHT faz questão de salientar a pressão exercida sobre os trabalhadores pela administração da Enatur, que distribuiu individualmente um comunicado onde se garante que todos os direitos dos funcionários ficam garantidos.

A greve visa contestar o processo de privatização de uma parte do capital da Enatur e da gestão das pousadas, cujo concurso já terminou, e lutar para garantir a manutenção dos direitos adquiridos dos trabalhadores.

E o comunicado "responde" a esta dúvida e refere que a entidade que passa a ser responsável pela gestão das pousadas vai cumprir com todos os direitos laborais.

Esta comunicação, que em muitos casos foi entregue em mão aos trabalhadores, "teve muita influência na adesão à greve e desmobilizou muitos funcionários", reconhece Francisco Figueiredo. Muitos deles acham que devem dar mais tempo à nova administração, presidida por Rui Mota, para cumprir o acordado com a anterior administração relativamente a aumentos salariais, uma outra razão para a greve.

O Governo seleccionou o consórcio liderado pelo grupo Pestana para comprar a participação de 37,6 por cento da Enatur, que posteriormente vai subir a 49 por cento, e para gerir as pousadas.

Segundo Francisco Figueiredo, a política praticada pelo grupo Pestana poderá pôr em causa a qualidade das pousadas e os direitos e garantias dos trabalhadores.