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Segunda tentativa de golpe de Estado em oito anos

O golpe de Estado de ontem em São Tomé e Príncipe é o segundo verificado na antiga colónia portuguesa desde a independência, a 12 de Julho de 1975.

O primeiro ocorreu a 15 de Agosto de 1995 e foi liderado por um grupo de jovens oficiais que ocuparam o palácio presidencial, detendo o Presidente de então - Miguel Trovoada -, e colocando sob residência fixa o primeiro-ministro Carlos Graça.

A actuação dos militares prendeu-se sobretudo com reivindicações a nível das Forças Armadas são-tomenses, mas não deixou de traduzir também o descontentamento da população pelas difíceis condições de vida no arquipélago. A questão do petróleo, que actualmente se coloca, estava numa fase incipiente, não existindo ainda estudos conclusivos sobre a existência do ouro negro ao largo do país.

Sem derramamento de sangue, os líderes golpistas aceitaram negociar com o poder instituído uma saída para a insurreição, através da mediação de Angola, que enviou a São Tomé o seu ministro das Relações Exteriores, Venâncio de Moura.

Com a comunidade internacional a condenar unanimemente a alteração da ordem constitucional e um Exército reduzido, que ainda actualmente e segundo fontes não oficiais não vai muito além dos 200 efectivos, os revoltosos concordaram em restituir o poder a Trovoada e ao Governo com a promessa de uma reestruturação nas Forças Armadas.

Em 1996, Trovoada foi reeleito para um segundo mandato, que levou até ao fim sem sobressaltos de maior, tendo-lhe sucedido no cargo, nas presidenciais de Julho de 2001, o actual chefe de Estado são-tomense, Fradique de Menezes.

Desde a tomada de posse do novo Presidente, São Tomé têm vivido alguma agitação política, com mudanças de Governo pressionadas ou decretadas pelo chefe de Estado e a situação sócio-económica do país sem melhoras, apesar das garantias de existência de petróleo serem amiúde utilizadas como promessa de maior prosperidade para o país.

Nas últimas semanas, a contestação ao Governo de Maria das Neves assumiu maiores proporções e a própria primeira-ministra declarou ter recebido ameaças de morte de um dirigente da oposição, Sabino dos Santos, vice-presidente da Frente Democrática Cristã (FDC, partido sem representação parlamentar).

Uma manifestação convocada pela FDC para 10 de Julho, para reclamar a demissão da primeira-ministra, acabou por ser adiada para 24 de Julho, após intervenção de Fradique de Menezes.

O líder do partido, Arlécio Costa, aceitou adiar o protesto tendo em conta as celebrações dos 28 anos de independência e a participação do Presidente na cimeira da União Africana, que terminou no passado fim-de-semana, na capital moçambicana.

Recolher obrigatório cumprido em São Tomé e Príncipe

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Fradique de Menezes pretende regressar ao país assim que o aeroporto reabrir AFP (Arquivo)

Segundo a Lusa, que cita um dos militares próximos do major Fernando Pereira (“Codó”, o líder da revolta) o aeroporto internacional de São Tomé vai ser reaberto esta semana, possivelmente ainda hoje.

O recolher obrigatório foi cumprido à risca, com o silêncio a imperar durante a noite, e depois das 06h00 locais (07h00 em Lisboa) as pessoas começaram a sair às ruas, as lojas reabriram as portas e o principal mercado da capital entrou em funcionamento.

Ainda são visíveis militares junto das principais instalações da cidade, desde o palácio do Governo, ao Banco Central e Banco Internacional.

Os membros do Governo e outros dirigentes do regime deposto com o golpe continuam detidos no quartel do Morro.

Os militares desencadearam na madrugada de ontem um golpe de Estado, na ausência do Presidente Fradique Menezes, que se encontra na Nigéria, detendo a primeira-ministra, Maria das Neves, e outros membros do Executivo, para além do presidente do Parlamento, Dionísio Dias.

O golpe foi condenado por Portugal e pela comunidade internacional. Por seu lado, o Presidente Fradique Menezes apelou aos revoltosos para porem fim ao golpe de Estado e anunciou que vai regressar ao país logo que o aeroporto seja reaberto.

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