Este género de metáforas físicas nunca foi a melhor maneira de falar de filmes, mas por uma vez não ocorre nada que pareça mais correcto. "Sonhos Desfeitos" não é "moderno" nem "académico", apenas um filme que recorre a fórmulas melodramáticas (quer "clássicas" quer ao estilo, por exemplo, "cassavetiano") com o condão de as fazer parecer as únicas fórmulas possíveis (logo, as fórmulas justas) e, raridade absoluta nos tempos contemporâneos, sem precisar de viver de "efeitos de melodrama". "Sonhos Desfeitos" é um melodrama à "antiga", quer dizer, dispensa-se de ser uma evocação do melodrama, permanece enxuto mesmo quando dá vontade de chorar, e não tem nem um plano a mais nem um plano a menos (talvez tenha a mais, lá para o fim, mas por essa altura já nos estamos nas tintas). Pequeno milagre que parece tocar toda a gente envolvida (fenomenal Sarandon, assombroso Jake Gyllenhaal, surpreendente Dustin Hoffman capaz de converter o seu arsenal de tiques em matéria puramente emotiva) este é um filme para suspender o cinismo de qualquer um. E é sobre quê, outra vez o luto dos pais? Talvez sim, mas é antes disso um filme sobre as coisas que as pessoas fazem umas pelas outras, por amor. Avisámos que é um filme para aniquilar o cinismo...
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