Praia da Vieira: Promortec assume responsabilidade da descarga no Lis
No documento, a empresa, pertencente ao grupo Promor (um dos maiores produtores nacionais de rações para animais), apresenta um "pedido formal de desculpas a todas as entidades oficiais e às pessoas directa ou indirectamente prejudicadas por este lamentável incidente".
De acordo com a Promortec, o acidente foi causado por uma rotura numa das principais lagoas de retenção do sistema de tratamento da exploração, em Sortes, no concelho de Leiria, "em circunstâncias de todo imprevisíveis".
O caso sucedeu durante a noite de 14 para 15 de Junho e no domingo de manhã a empresa alertou a delegação de Leiria da Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território do Centro, bem como as restantes autoridades. "Ao mesmo tempo, a empresa mobilizou de imediato para o local todos os meios técnicos e humanos possíveis e disponíveis para, não só minimizar o impacte ambiental a decorrer na altura, mas também para a resolução rápida e eficaz do problema", refere o documento.
David Neves, presidente da Associação de Suinicultores do Concelho de Leiria (ASCL) revelou que a empresa está devidamente certificada e nunca se verificou qualquer anomalia no equipamento. "Foi um lamentável acidente", garantiu o dirigente associativo, afastando qualquer possibilidade de o incidente ter sido intencional. Também para Armando Constâncio, vice-presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande, "tudo aponta para um acidente infeliz", não existindo indicações de uma acção deliberada por parte da empresa.
Entretanto, dezenas de comerciantes e moradores da Praia da Vieira concentraram-se junto à foz do rio Lis para contestarem a decisão da autarquia de interditar os banhos devido à descarga suinícola.
Os comerciantes e moradores alegam que a interdição foi uma medida abusiva, já que os efeitos da descarga serão inferiores aos verificados noutras ocasiões. "Já houve problemas bem piores e nunca ninguém fez nada. Isto só foi feito agora para prejudicar a época balnear", criticou Nelson Santos, morador na localidade.
Por seu turno, José Lucas, comerciante, acusou a autarquia e a delegação de saúde de tentarem "estragar o Verão", lamentando que a Praia da Vieira não seja tratada com a mesma atenção do que outras praias do concelho, como São Pedro de Moel. Paulo Sequeira, outro comerciante da Praia da Vieira, acusou a autarquia de estar a criar um "clima negativo" em torno desta estância balnear.
Nas últimas semanas têm ocorrido sucessivas descargas de efluentes de suiniculturas no rio Lis e, em muitos casos, a água apresentava mais sinais de poluição do que hoje, argumentam os populares.
Armando Constâncio reagiu dizendo que a autarquia "não pode meter a cabeça na areia nestes assuntos" e salientando que a interdição a banhos foi ordenada pelo delegado de saúde do concelho. "Apesar de não termos bandeira azul e de sofrermos com os crimes dos outros, garantimos a qualidade das nossas praias", sustentou.
As críticas dos populares dirigiram-se também à comunicação social e um dos técnicos da SIC chegou mesmo a ser agredido depois de uma troca de insultos, tendo a GNR sido chamada ao local.