Habitantes de Folgosa processam presidente da Junta por corte de água
Maria Isabel Silva, que se assume como representante dos habitantes de Folgosa, explicou que "a maioria da população continua [desde Janeiro] sem água e abastece-se em poços ou fontanários, alguns a 200 ou 300 metros de distância".
Segundo Maria Isabel Silva, as canalizações traziam água, há mais de 30 anos, de um reservatório situado ao fundo da pista do aeródromo para as casas e fontanários. Mas para o autarca, José Carvalho, estas ligações eram "clandestinas".
Por considerarem que o presidente da Junta não tem poder para cortar a água e por alegadamente este os ter chamado de "ladrões", acusando-os de andarem há três décadas a "roubar água", um grupo de habitantes decidiu avançar com um processo judicial, que deverá dar entrada esta semana no Tribunal de Viseu, justificou Maria Isabel Silva.
Segundo esta moradora, a população não se nega a pagar a água que consumir, o aluguer do contador e um "valor simbólico" para a ligação à rede, mas discorda que cheguem a ser pedidos quase cinco mil euros, como aconteceu a um idoso que vive de uma reforma de 225 euros, com o argumento de que a sua habitação fica a 65 metros da rede de água e esgotos.
Por seu lado, José Carvalho afirmou que "até gostava que o caso fosse para tribunal" para que se esclarecer a situação.
"Cerca de 90 por cento da população já está coberta pela rede de abastecimento de água e apenas um grupo de dez ou doze pessoas estará descontente, mas por outros motivos, de ordem pessoal", comentou.
O autarca negou ter cortado a água à população de Folgosa, alegando que se tratou de uma substituição das tubagens ao abrigo de um contrato-programa com os Serviços Municipalizados.
José Carvalho criticou que, ao longo dos anos, as pessoas tenham abusado na utilização da água do reservatório com quase 300 metros cúbicos de capacidade situado ao fundo da pista do aeródromo municipal, contando que, no Verão, tinha mesmo que pedir aos bombeiros para o abastecer.