O dia seguinte na Clarks, Bawo e Gerry Weber

Fábrica de calçado de Castelo de Paiva terá solução tripartida, enquanto as duas unidades alemãs de confecções foram compradas por investidores nacionais. Em estudo está a compra de uma cadeia de lojas francesas para ajudar a escoar a produção

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Os 816 trabalhadores da Gerry Weber e Bawo e Clarks podem regressar em breve ao trabalho Nelson Garrido/PÚBLICO

Na passada semana, o Governo anunciou que as duas primeiras iriam ser compradas por investidores nacionais, que retomarão a produção de confecções das referidas unidades industriais sitas, respectivamente, em Figueiró dos Vinhos e Estarreja. Segundo o ministro da Economia e o secretário de Estado do Trabalho, o Executivo já assegurou o escoamento de produtos das duas fábricas para clientes nacionais que antes se abasteciam no estrangeiro.

Além disso, o Ministério da Economia, através do recém-criado Programa Dínamo - Dinamização da Moda, está a "negociar a compra de uma cadeia de lojas francesa de distribuição para escoar a produção" da Gerry Weber, Bawo e das futuras unidades industriais que nasçam num ninho de empresas a criar nas instalações da Clarks, avançou ao PÚBLICO fonte oficial. O Governo está a funcionar como "intermediário" nesta aquisição que, a concretizar-se, será feita por empresas privadas. O processo, liderado pelo responsável pelo Dínamo, Manuel Carlos Silva, encontra-se numa fase muito embrionária, frisou a fonte.

O ninho de empresas da Clarks faz parte da solução tripartida encontrada para o problema criado pelo encerramento da unidade sediada em Castelo de Paiva, localidade que tinha na empresa de calçado a sua maior empregadora. Um centro de formação profissional e projectos na área do turismo completam o naipe de soluções. Depois de ter fechado há dois anos a sua unidade em Arouca, que empregava 378 trabalhadores, a Clarks decidiu encerrar a de Castelo de Paiva, ao optar por comprar directamente as gáspeas (sapato semi-acabado) à Índia e à Roménia a um preço bastante mais competitivo do que se as continuasse a produzir em terras paivenses. Depois de toda a polémica que este encerramento desencadeou, e na falta de um investidor para aquelas instalações, os ministérios da Economia e da Segurança Social e do Trabalho e a autarquia de Castelo de Paiva, decidiram desenvolver eles próprios alternativas para os 588 despedidos.

O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) vai comprar as instalações e os terrenos da Clarks por cerca de um milhão de euros, onde vai instalar, de raiz, um centro de apoio à criação de empresas (CACE), reafirmou ao PÚBLICO o presidente da câmara de Castelo de Paiva. Paulo Teixeira recordou que este projecto já estava previsto, tendo verbas inscritas no Programa de Investimentos e de Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) da ordem dos 900 mil euros. Neste momento, já existem sete pré-candidaturas para a criação de empresas que prevêem, no total, a criação de 120 postos de trabalho, entre as quais a de dois ex-funcionários da Clarks que pretendem constituir uma firma de calçado empregando 18 trabalhadores. Parte da maquinaria da unidade industrial foi já adquirida à própria Clarks que "garantiu algumas encomendas aos ex-trabalhadores", explicou o presidente da autarquia.

Quanto à formação profissional, vão arrancar sete cursos para um total de 150 formandos nas instalações da Clarks. Finalmente, no âmbito do projecto Pitter estão previstos investimentos semi-públicos e privados na área do Turismo que deverão estar concluídos em 2008 e criar cerca de 120 postos de trabalho.

A Gerry Weber foi uma espécie de "fecho-relâmpago" - a gerência alemã encerrou a empresa em apenas uma semana, alegando quebra de encomendas vindas da Alemanha, o seu principal cliente. Conforme foi revelado, há já um investidor nacional interessado e a empresa vai retomar a sua laboração. Sem precisar números, a fonte do Ministério da Economia garantiu ao PÚBLICO que a nova unidade vai reabrir "com mais postos de trabalho" do que os 148 que a Gerry Weber assegurava antes do encerramento.

Por último, a Bawo, que mereceu a atenção do Presidente da República, Jorge Sampaio. Os 80 operários, na sua grande maioria mulheres, passaram dias e noites a fio a vigiar as instalações da empresa de confecções com receio que a gerência retirasse as máquinas para uma fábrica no Egipto, tendo o tribunal ordenado, posteriormente, a selagem da maquinaria. O novo proprietário é já conhecido. Chama-se Joe Chubry e é um empresário britânico com raízes no Paquistão radicado em Portugal há 20 anos. Com esta unidade, o empresário pretende fornecer o mercado do Reino Unido através da empresa que detém, a Passport - Confecções.

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