O mais interessante de "Intervenção Divina" é mesmo o modo como lida com todas essas coisas que não pode ignorar, mesmo que tente (ou finja tentar) afastar-se - mas volta-se sempre ao mesmo, é inevitável. A raiva, por exemplo. Não é um filme sobre a razão dos palestinianos (dir-se-ia que o filme se está nas tintas para essa razão), mas sobre a sua raiva, logo apresentada no "kiarostamiano" travelling de carro que serve de sequência inicial. Depois, é sempre uma raiva contida que segura o filme, pontualmente libertada por pequenas explosões de "wishful thinking" vingativo (como o caroço de pêssego que faz explodir um tanque israelita) que resulta tanto melhor quanto Suleiman embebe o filme daquela inexpressiva impassibilidade que vem de Keaton e é hoje cultivada por gente como Iosseliani e Kitano. A comparação talvez não seja favorável a Suleiman, mas isso não menoriza o hipnótico charme desta visita de Mona Lisa a Ramallah.
Gerir notificações
Estes são os autores e tópicos que escolheu seguir. Pode activar ou desactivar as notificações.
Gerir notificações
Receba notificações quando publicamos um texto deste autor ou sobre os temas deste artigo.
Estes são os autores e tópicos que escolheu seguir. Pode activar ou desactivar as notificações.
Notificações bloqueadas
Para permitir notificações, siga as instruções: