Festas nicolinas levam milhares de vimaranenses para a rua

Entre o campo de S. Mamede, junto ao castelo, e a Igreja dos Santos Passos, no Largo da República do Brasil, a mole composta por milhares de novos e velhos estudantes, vai encher a cidade para uma noite que, normalmente, tem tanto de inesquecível como de excessos.

Por algumas horas, várias gerações vão misturar-se ao ritmo das caixas e dos bombos, acompanhando as juntas de bois que onde será transportado o Pinheiro. Os foguetes marcarão a partida e depois, será bater nas peles até que o pinheiro se erga bem alto. O erotismo implícito na última oração não vem por acaso, porque, como todo o nicolino sabe, o número do Pinheiro é "absolutamente falocêntrico". "Presta-se assim culto à fertilidade masculina com a erecção anual de um gigantesco priapismo vegetal", diz a comissão de festas deste ano, eleita como sempre entre os rapazes que frequentam as escolas secundárias de Guimarães, num total de dez elementos. No passado a participação das estudantes nas nicolinas era reduzida, limitando-se a serem "seduzidas" nas Maçãzinhas. A festa, contudo, alargou-se, a tradição evoluiu e hoje é impensável não haver mulheres a tocar caixa ou bombo no cortejo do Pinheiro.

A primeira bebedeira

Esta noite, os restaurantes vão encher-se de grupos nicolinos, muitos dos quais feitos por colegas de escola que aproveitam esta noite para um reencontro, como diz Ricardo Gonçalves, antigo estudante e actual membro da Associação dos Velhos Nicolinos. Como faz questão de frisar, "estas festas tomaram a cidade de assalto" e desde há dias que é praticamente impossível encontrar restaurante que ainda aceite reservas para esta noite. No prato não vão faltar os típicos rojões à moda do Minho, as papas de sarrabulho e as castanhas, tudo convenientemente regado com o melhor verde que é, aliás, aquilo que não pode mesmo faltar a uma ceia nicolina.

Para muitos jovens, a noite do Pinheiro corresponde a uma licença para cometer excessos. É a noite da primeira bebedeira para uns, a noite em que jovens rapazes ou raparigas, animados pelo espírito nicolino, procuram a melhor companhia para o desvario pelas ruas da cidade. Por vezes a aventura acaba no banco de urgência, para onde são levados os casos mais graves de intoxicação alcoólica, mas como na noite do Pinheiro, regra geral, até os pais perdoam.

Quem não descansa com a eventual benevolência dos progenitores é a comissão de festas, que já lançou um comunicado onde apela ao sentido de responsabilidade dos estudantes para uma "necessária moderação" como forma de evitar "perturbadores excessos".

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