"Caça à multa" em Oliveira do Hospital é um "procedimento infeliz"

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Em Oliveira do Hospital os agentes que praticassem 15 ou mais autos por mês tinham direito a uma folga PÚBLICO

Numa nota interna do comando-geral, dirigida a todo o dispositivo da GNR, é admitida a existência do caso, considerado "um procedimento infeliz, singular e inconveniente", mas que remonta a uma situação ocorrida há três anos e só agora trazida a público.

Porém, o comando-geral diz não ter dúvidas de que tudo "foi pensado para estimular um melhor desenho operacional dos militares" e que "não seria justo retirar outras consequências".

Quanto à forma como o caso chegou a público, a GNR questiona se "não seria mais fácil e nobre assumirem a coragem moral de resolver o assunto junto da cadeia de comando?".

"Lamentamos que haja militares que dizem representar a Guarda que, sistematicamente, utilizam factos menores para visar o Comando da Guarda. Ignoram que gestos como o presente comprometem os seus autores e dizem bem dos conceitos de camaradagem que (não) praticam e da lealdade que (não) dispensam à instituição a que pertencem", continua a mesma nota, apontando o dedo à Associação dos Profissionais da Guarda.

A associação diz, por se lado, não estranhar as palavras do comando já que este "sempre se tem posicionado numa atitude hostil e persecutória" em relação à associação, lamentando que o comando-geral, "confrontado com a existência de ilegalidades e atitudes estranhas à ética, moral e sentido do dever (...) se refugie permanentemente em ameaças e calúnias".

A denúncia da associação foi considerada inicialmente pelo comando-geral da GNR como "completamente falsa". No entanto, a existência de uma ordem escrita do ex-comandante do posto da GNR de Oliveira do Hospital em que se incentivava a "caça à multa", com "os militares que tiverem 15 ou mais autos por mês a terem direito a uma folga", levou o comando-geral a recuar na sua posição.