Ataque terrorista em Bali faz pelo menos 182 mortos (actualização)
A embaixadora portuguesa em Jacarta, Ana Gomes, disse que até ao momento não há conhecimento de que qualquer português esteja entre as vítimas da explosão no bar Sari, na zona de Kuta."Naturalmente não podemos excluir essa possibilidade porque sabemos que há muitos mortos e feridos que não foram identificados e que os escombros de um dos bares não foram ainda objecto de buscas", disse. Estamos a fazer investigações junto das autoridades e temos alguns nomes de portugueses que estamos a tentar localizar", referiu Ana Gomes.
Os responsáveis militares já conseguiram comunicar com 31 dos 32 soldados portugueses que se encontram de férias em Bali. Em declarações à Lusa, o major Vasco Pereira, do contingente militar português em serviço em Timor-Leste, referiu que até ao momento - cerca de 17 horas depois da explosão que provocou mais de 180 mortos - apenas falta contactar um dos militares que estão na ilha indonésia. "Continuamos a fazer esforços para contactar este militar", explicou.
A situação em Bali vai ser analisada de emergência nas próximas horas numa reunião dos embaixadores da União Europeia acreditados na Indonésia e uma funcionária da embaixada portuguesa está a caminho da ilha para prestar auxílio e ajudar a localizar portugueses. Para Ana Gomes, e ainda que ninguém tenha reivindicado responsabilidade pela explosão, todas as indicações apontam para grupos radicais indonésios com ligações regionais e internacionais à rede terrorista, incluindo à Al-Qaeda.
Num comunicado distribuído pela embaixada norte-americana em Jacarta, Washington oferece o apoio da administração para procurar os responsáveis pelas explosões. "O Governo dos EUA condena nos termos mais fortes possíveis este vil acto de terror", refere o comunicado, que considera o ataque um "acto cobarde".
Juntando-se às vozes críticas, o embaixador britânico na capital indonésia, Richard Gosny, disse que tudo parecia sugerir um ataque da responsabilidade de organizações extremistas. Já antes o primeiro-ministro da Austrália, John Howard, condenara o ataque, afirmando que a luta contra o terrorismo tem de ser ainda mais reforçada.
Muitos australianos entre as vítimas mortais"Os corpos continuam a chegar. A maioria é difícil de identificar, mas é possível dizer que muitos são estrangeiros", principalmente australianos, declarou à AFP um funcionário da morgue local.
As agências internacionais deram conta da existência de duas explosões, registadas quase em simultâneo numa das zonas turísticas mais populares da ilha. A explosão de maior potência ocorreu cerca das 23h00 locais (16h00 em Lisboa) junto a um clube nocturno, muito frequentado por estrangeiros, situado junto à praia de Kuta, uma das zonas mais turísticas da ilha. A explosão provocou um enorme incêndio que se propagou aos estabelecimentos vizinhos.
Uma segunda explosão ocorreu pouco depois junto ao consulado norte-americano em Bali, a poucos metros de distância do primeiro rebentamento. Segundo testemunhas, esta explosão não terá feito vítimas mortais.
As testemunhas dão conta de cenas de pânico provocadas pelos rebentamentos. Várias lojas e restaurantes num raio de 500 metros ficaram danificados pela força das explosões.
A ilha de Bali, no Sul da Indonésia, é um destino particularmente popular entre os turistas australianos. A maioria dos turistas estrangeiros que visitam a ilha costumam concentrar-se nos restaurantes e cafés situados nas praias de Kuta e Legian, situadas nas imediações de Denpasar, a capital provincial.
O atentado, que ainda não foi reivindicado, acontece numa altura em que as autoridades norte-americanas se afirmam inquietas com a possibilidade de a rede terrorista Al-Qaeda estar a preparar novos ataques contra interesses norte-americanos nos EUA e no estrangeiro. Vários grupos armados radicais islâmicos actuam na Indonésia, mantendo, segundo Washington, ligações à Al-Qaeda.
No mês passado, a embaixada norte-americana em Jacarta e o consulado em Surabaya estiveram encerrados durante seis dias na sequência de avisos sobre a possibilidade de a Al-Qaeda realizar atentados contra instalações norte-americanas no país. Em Washington, o Departamento de Estado afirmou não ter indicações de que o consulado tenha sido directamente visado pelo ataque e adiantou não ter recebido qualquer informação sobre a possibilidade de cidadãos norte-americanos constarem entre as vítimas.