Cantinas universitárias falham na higiene e qualidade alimentar

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Entre as refeições analisas foram encontradas bactérias susceptíveis de causar problemas aos estudantes Dulce Fernandes/PÚBLICO

Entre as cantinas do ensino superior que foram avaliadas - entre universidades e institutos politécnicos públicos e privados -, a Proteste revela terem sido detectadas "várias falhas, tanto ao nível das instalações, equipamento utilizado, bem como dos cuidados de higiene do pessoal que aí trabalha". Na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e no Instituto Politécnico de Tomar algumas das refeições servidas podem mesmo pôr em risco a saúde dos estudantes e provocar intoxicações alimentares.

Apesar das instalações onde são armazenados e confeccionados os alimentos sofrerem de graves falhas, "a ligação directa das casas de banho dos funcionários à cozinha" e o facto dos lavatórios dos sanitários terem toalhas de pano - no lugar de toalhas de papel e secadores eléctricos - foram apontados como os problemas mais graves encontrados.

Quanto aos locais de preparação dos alimentos, a "Pro Teste" encontrou desde contentores do lixo abertos, falta de registo dos planos de limpeza e desinfecção, armazéns impróprios para produtos alimentares, até à falta de controlo da qualidade dos óleos de fritura e utilização de utensílios de madeira.

As falhas na higiene dos funcionários foram outras das causas que levaram ao chumbo de algumas cantinas. Os funcionários trabalham com ferimentos nas mãos a descoberto, unhas sujas e compridas, cabelos sem protecção de toucas e sem a utilização de fardas adequadas.

Na análise ficam ainda críticas ao excesso de proteínas e gordura, sendo quase sempre cumprida de forma a correcta a dose se hidratos de carbono. Das 20 cantinas visitas, "metade apresentaram refeições com teores elevados de gordura". O sal é outro dos problemas registados, apontando a Pro Teste que em todas as cantinas foi ultrapassada a dose diária recomendada.

Entre as amostras de sopa, carne, salada e sobremesa levadas para análise foram detectadas bactérias que podem provocar diarreia, infecções nas vias urinárias, pulmões ou pele, ou ainda febre, dores musculares, náuseas e dores abdominais.

Do total das 20 cantinas, duas foram eliminadas - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e Instituto Politécnico de Tomar - enquanto as restantes tiveram má nota nos serviços que oferecem aos estudantes: Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Instituto Politécnico de Setúbal, Universidade Lusófona, Universidade Católica, Instituto Politécnico do Cávado e do Ave , Universidade Moderna e Instituto Superior Técnico de Lisboa.

Ontem, os ministérios da Ciência e do Ensino Superior e da Agricultura decidiram conjuntamente ordenar uma investigação às cantinas universitárias que irá ficar a cargo da Direcção-Geral de Fiscalização e Controlo da Qualidade Alimentar.

Num comunicado à imprensa, o ministro Pedro Lynce sublinha, porém, que a fiscalização aos equipamentos é uma responsabilidade dos próprios estabelecimentos de ensino superior, mas que dado que é um "problema que preocupa naturalmente a tutela", ele irá ser analisado.

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