Pretenso arrojo

Et voilá, o filme que todos clamam ser obsceno. É certo que Cameron Diaz e as amigas estão com as hormonas ao alto e a cançoneta coreografada numa cafetaria (à la "When Harry Met Sally") pode ruborizar o pudor (o refrão é "You're too big to fit in here"), mas será "A Coisa Mais Doce" mais obsceno do que "South Park", por exemplo, com quem partilha a mesma argumentista? Já agora, será mais obsceno do que o espanhol "Lucía e o Sexo", com o seu embrulho de pseudo-literatice sobre os corpos nus dos actores? Fica a dúvida. Também não vale a pena clamar pela perversidade de Billy Wilder (porque não vale a pena reclamar o que já não volta). A revista "Inrockuptibles" perguntava num número recente, a propósito das representações do sexo no écrã, "onde é que está o mal?". É a mesma pergunta que se pode fazer em relação ao filme de Kumble. Afinal, o seu pretenso arrojo redunda no inofensivo e no normativo: o que as raparigas querem mesmo é encontrar o "Mr. Right" - não estamos longe das comédias românticas.

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