Morreu Fernando Pessa
A "avançada idade" ditou a morte do jornalista, explicou o médico Pedro Canas Mendes, director clínico do hospital Curry Cabral, onde o jornalista estava internado desde 25 de Março. O médico adiantou ainda que Fernando Pessa faleceu "na sequência de um processo de degradação das suas forças orgânicas".
Pedro Canas Mendes, ouvido pela TSF, confirmou que a morte do jornalista ocorreu cerca das 06h00.
Vencido pela doençaFernando Pessa foi internado devido a problemas respiratórios a 25 de Março. A infecção bronco-pulmonar ditou que passasse o seu centésimo aniversário no hospital, que conheceu um inusitado movimento no dia, com a recepção de mensagens de felicitações e a presença de jornalistas.
A televisão pública homenageou o jornalista durante a festa de comemoração dos seus 45 anos. Ruy de Carvalho, Raul Solnado, Simone de Oliveira, Paulo de Carvalho e Nuno Guerreiro, entre outros, participaram na festa onde foi apresentada uma cronologia do desenvolvimento da RTP onde foi dado destaque à participação de Fernando Pessa, recordando o profissionalismo e a dedicação do jornalista a esta estação de televisão.
Na redacção da RTP continua a sua máquina de escrever Olympia, na sua secretária, na 5 de Outubro.
Pessa, um nome e uma voz que atravessou séculosFernando Pessa nasceu em Aveiro no dia 15 de Abril de 1902. Era casado em segundas núpcias com Simone Alice Rufller. Viveu doze anos em Coimbra, onde sonhou ser oficial de Cavalaria, e foi empregado bancário e de seguros em Coimbra, Lisboa e Rio de Janeiro (aqui, de 1927 a 1933).
Mais tarde foi admitido por concurso como locutor e repórter na Emissora Nacional, onde se manteve até 1938.
Pertenceu à secção portuguesa da BBC entre 1938 e 1947, onde fez reportagens sobre os bombardeamentos alemães e interpretou fados contra Hitler.
Fernando Pessa foi ainda produtor e locutor de documentários e actualidades cinematográficas, ao mesmo tempo que desempenhou funções, durante dois anos, no Programa de Recuperação para a Europa, integrado no Plano Marshall.
Em 1957 foi o apresentador da primeira emissão de televisão em Portugal e em 1976 foi admitido nos quadros da RTP, com 74 anos de idade. Reformou-se da estação de televisão pública em 1995, apesar de se ter mantido durante muitos anos como colaborador da estação, celebrizando-se com a frase "E esta, hein?".
Recebeu numerosos prémios e várias condecorações, entre as quais a Ordem do Império Britânico dada pela Rainha Isabel II pelos "relevantes serviços prestados à BBC e ao país" (1959) e a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique (1981). Foi homenageado em 1991, no I Encontro de Jornalistas Europeus, em Espanha, como "o mais velho repórter do mundo ainda em serviço".