Não é que "O Silêncio dos Inocentes" fosse uma obra-prima, mas o filme de Jonathan Demme possuia uma gama de qualidades (quanto mais não fosse o facto de Demme saber bem o que estava a fazer e em que cordas estava a tocar) que neste "update" de Ridley Scott se perdem por completo. "Hannibal" é, acima de tudo, um banal "thriller" de aventuras, temperado por um humor grotesco - e desculpem, mas um homem enforcado com os intestinos de fora dificilmente alguma vez fará rir, assim como a célebre sequência do jantar de mioleira é dos momentos mais cretinos dos últimos dez anos de cinema. De resto, o peso maior da personagem de Hopkins nesta sequela (que nem sequer é compensado por um ganho de densidade na personagem agora interpretada por Julianne Moore) é contraproducente, porque Hopkins cabotina furiosamente, esvaziando Hannibal Lecter dos seus contornos mais trágicos (e mais perturbantes) para o limitar a um "boneco diabólico" - um espécie de "Chucky" de gostos mais refinados.
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