O lado musical sofre com isso: como suposta homenagem a um género cinematográfico riquíssimo, "Dancer in the Dark" é de uma pobreza franciscana, e tem muito mais a ver com "Um Violino no Telhado" do que com Berkeley, Minnelli ou (já que a presença de Deneuve o parece convocar) Demy, para lá do pormenor marginal (?) de estas serem as piores canções que Bjork já escreveu. Para lá disso, se o "musical" era aqui uma maneira paradoxal de duplicar a aposta emocional de "Ondas de Paixão", servindo simultaneamente como investimento melodramático e como sinal de um distanciamento, "Dancer in the Dark" acaba por se consumir nessa contradição - nem "sincero" nem "desconstrutivista", o filme é um híbrido mal resolvido, onde o que fica mais à vista são os efeitos de assinatura de von Trier. E quando se abre o cadafalso sob os pés de Bjork, ficamos tão longe dos sinos de "Ondas de Paixão" como da catarse reveladora de "Os Idiotas".
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