Mal habituados por anos e anos de Disneys retrógrados, já nos tínhamos esquecido que a animação clássicapodia ser tão fulgurante. Tão fulgurante e tão adulta - em termos de construção, não necessariamente em termos de público alvo. A primeira impressão forte deixada por "Princesa Mononoke" é causada pela sua respiração narrativa, elaboradíssima gestão de pequenas tensões, cuja energia tato pode ser aproveitada para avançar por elipses como para parar nesta ou naquela cena e dilatar a sua duração. É uma respiração de cinema (neste sentido, ser ou não animação é questão de pormenor), trabalhada com base na herança do épico japonês e do melhor Kurosawa. Mas Myazaki utiliza o mesmo princípio em relação ao desenho - uma aparente discrição, mesmo um tanto ou quanto formatada mas que subitamente explode - e é aí que o seu talento se confirma.