Emma Thompson: “Nada mudou nas terríveis exigências feitas às mulheres”

Pela primeira vez, a actriz britânica despiu-se integralmente para a câmara e, apesar de dizer ter dúvidas se seria capaz de o ter feito mais cedo, confessa que “é muito desafiante estar nua aos 62 anos”.

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Emma Thompson, em 2019 EPA/ANDY RAIN

A actriz britânica Emma Thompson participou numa conversa, na segunda-feira, no âmbito da programação de Sundance, o festival de cinema independente que acolheu a estreia de Good Luck to You, Leo Grande, em que assume o papel da protagonista, durante a qual confessou as dificuldades em se despir para a câmara.

Emma Thompson, vencedora de dois Óscares (como Melhor Actriz em Regresso a Howards End​, de 1992, e Melhor Argumento Adaptado por Sensibilidade e Bom Senso, de 1995), veste o papel de uma viúva que contrata um acompanhante sexual (Daryl McCormack) e, numa das cenas, “fica em frente a um espelho sozinha e deixa cair o seu roupão”.

Para preparar o momento, Emma teve a ajuda da realizadora e do co-protagonista. “A Sophie, o Daryl e eu ensaiámos totalmente nus e falámos sobre os nossos corpos, falámos sobre a nossa relação com os nossos corpos, desenhámo-los, discutimos as coisas que nos são difíceis, as coisas de que gostamos, descrevemo-nos mutuamente”, recordou durante a conversa no âmbito do Festival de Sundance.

No entanto, apesar de todos esses cuidados, a actriz confessou que não foi fácil: “É muito desafiante estar nua aos 62 anos”, ressalvando que, talvez, tenha sido a idade para o fazer. “Não creio que o pudesse ter feito antes da idade que tenho. E, no entanto, é claro, a idade que tenho torna-o extremamente desafiante porque não estamos habituados a ver corpos não tratados no ecrã.”

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Em Good Luck to You, Leo Grande, Emma Thompson é uma viúva que contrata um acompanhante sexual (Daryl McCormack) DR

A dificuldade sentida, acusa a actriz, deve-se às “terríveis exigências” que persistem sobre os corpos femininos. “Nada mudou nas terríveis exigências feitas às mulheres no mundo real, mas também na representação. Esta coisa de ter de ser magra ainda é a mesma de sempre, e na verdade, de certa forma, penso que agora é pior.”

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