Bernardo Couto e Martín Sued abrem ciclo Casa da Cerca 2021 com concerto inédito
Guitarra portuguesa e bandoneón, juntos, abrem o ciclo Há Música na Casa da Cerca 2021. Programa é divulgado este sábado após a transmissão do concerto, às 17h30, nas redes da Casa da Cerca e no Facebook do PÚBLICO.
O ciclo Há Música na Casa da Cerca, de Almada, começa em 2021 tal como decorreu no ano passado, ainda sujeito às normas ditadas pela pandemia. Este sábado anuncia o seu programa, após a transmissão de um concerto inédito: Bernardo Couto e Martín Sued, respectivamente na guitarra portuguesa e no bandoneón, naquela que será a primeira apresentação pública de um projecto em duo que já este ano gravará o seu primeiro disco. O concerto foi gravado ao vivo esta quarta-feira e a transmissão será feita nas redes do ciclo e da Casa da Cerca e também no Facebook do PÚBLICO, às 17h30. O anúncio do programa será feito em seguida, às 18h, ficando disponível nas redes da Casa da Cerca.
Em 2020, o Há Música na Casa da Cerca decorreu entre Junho a Dezembro, com concertos pré-gravados e depois transmitidos em streaming, e contou com os Fogo Fogo, A Garota Não, Mário Franco Trio, Nilson Dourado, Mad Nomad, Luís Fernandes e Baltazar Molina. O deste ano, que arranca com Bernardo Couto e Martín Sued, decorrerá entre Março e Setembro.
Lançado pela primeira vez em 2015, o ciclo Há Música na Casa da Cerca, agora na sua sétima edição, realiza-se anualmente em vários espaços da Casa, com “uma selecção musical ecléctica nos formatos Música nas Exposições e Concertos ao Pôr do Sol” e numa parceria da Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea com a editora e produtora discográfica PontoZurca.
Castro d’Aire, a primeira gravação
Nascido em Lisboa, em 1979, Bernardo Couto iniciou-se na guitarra portuguesa aos 14 anos, tendo como mestres, sucessivamente, Carlos Gonçalves, Paulo Parreira, Ricardo Rocha e Pedro Caldeira Cabral. Tem acompanhado inúmeros fadistas, como Ana Moura, António Zambujo, Camané, Carminho, Cristina Branco ou Raquel Tavares, tocando também com Rão Kyao ou com os LST, o Lisboa String Trio, que integra com José Peixoto e Carlos Barretto.
Já o compositor, arranjador e bandoneonista argentino Martín Sued, nascido em Buenos Aires em 1983, editou em 2019 o seu primeiro disco a solo, Iralidad, e tem selado nos últimos anos parcerias com músicos de vários países, como Guillermo Klein, Seamus Blake, Ben Monder, Miguel Zenon, Diego Schissi, Liliana Herrero, Silvia Iriondo, Daniel Binelli, Mono Fontana, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Yamandú Costa ou Zeca Pagodinho. Com o guitarrista Leandro Nikitoff formou o duo Sued-Nikitoff, que editou um disco homónimo. Tal como sucederá com Bernardo Couto, no duo que agora se estreia ao vivo.
Bernardo e Martín conheceram-se por intermédio de uma cantora argentina que está a viver em Portugal. “Foi em casa dela, num encontro de amigos, e acabámos por tocar juntos”, recorda Bernardo ao PÚBLICO. Isso foi em 2020. E em Fevereiro de 2021 gravaram um primeiro tema que foi registado em vídeo e colocado no YouTube, Castro D’Aire, de Pedro Caldeira Cabral. “Sou um discípulo e um fã incondicional do Pedro Caldeira Cabral. E qualquer projecto onde eu me envolva tem obrigatoriamente de ter composições dele.”
“Uma força identitária muito forte”
Esse tema é também um dos que integram o programa do mini-concerto que abre o ciclo Há Música na Casa da Cerca. “Incluímos também uma guitarrada do Jaime Santos chamada Nostalgia, dois tangos que o Martín aconselhou e tocaremos também um tema muito bonito do Pedro Moreira [saxofonista, compositor e maestro de jazz] chamado A invenção da felicidade.” Martin acrescenta: “Cada um de nós sugeriu temas do repertório da música tradicional dos dois países e começámos também a trabalhar música autoral, no meu caso.”
Sobre o trabalho desenvolvido com Bernardo Couto, Martín diz ao PÚBLICO que “é uma experiência muito interessante”: “Porque os nossos instrumentos têm uma força identitária muito forte, estão super ligados ao território, o que não acontece com muitos outros instrumentos. Qualquer argentino que ouça o bandoneón em qualquer parte do mundo lembra-se instantaneamente da Argentina, e o mesmo acontece com a guitarra portuguesa.”
E têm ensaiado bastante, não só para o concerto deste sábado mas também para futuras apresentações, com mais temas, e para a gravação de um disco, a editar ainda este ano.