Quatro jornalistas detidos e um deputado agredido em manifestação em Luanda

Polícia não explica razão da detenção nem revela paradeiro dos profissionais da comunicação social.

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Polícia não revela onde foram colocados os detidos AMPE ROGERIO/ARQUIVO

Quatro jornalistas foram detidos pela polícia angolana, na manhã deste sábado, quando tentavam cobrir as manifestações em Luanda, apurou o PÚBLICO. A polícia não consegue explicar onde estão, nem a razão para terem sido detidos. Os quatro profissionais levados pelas autoridades – que se encontram em parte incerta – trabalham na rádio Essencial e no jornal Valor Económico.

A manifestação, que visa reivindicar melhores condições de vida, mais emprego e a realização das primeiras eleições autárquicas em Angola, estava convocada há mais de três semanas. No dia que antecedeu a realização do protesto, na sexta-feira, o Presidente de Angola decretou novas medidas de agravamento do estado de calamidade, proibindo ajuntamentos com mais de cinco pessoas, tornando ilegal a manifestação.

Ainda assim, os organizadores tentaram realizar o protesto, que contou com a participação de dirigentes da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e de outros partidos da oposição. A polícia usou gás lacrimogéneo, cavalos, cães e balas de borracha.

Os jornalistas detidos são Suely de Melo, Carlos Tomé, Santos Samuesseca e Leonardo Faustino.

Deputado angolano agredido fala em 40 detidos

O deputado e secretário provincial da UNITA em Luanda, Nelito Ekuikui, afirmou ter sido este sábado agredido pela polícia angolana numa manifestação e estimou que cerca de 40 jovens que participavam no protesto terão sido detidos.

Em declarações à Lusa, Nelito Ekuikui disse não ter havido nenhuma razão que justificasse a agressão e afirma ter sido retido durante cerca de uma hora, acusando as autoridades de “uso excessivo da força” e de estarem a cometer uma ilegalidade.

“Disseram que a manifestação não pode ocorrer porque viola o decreto presidencial [que actualiza a situação de calamidade pública e entrou em vigor hoje], mas estão a violar a Constituição”, afirmou o deputado da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição, recordando que ele próprio foi legislador da lei de protecção civil, que não contempla a suspensão de direitos como os de manifestação.

“Claramente, este decreto foi forjado para impedir a manifestação”, acusou Nelito Ekuikui, criticando a presença das forças armadas nas ruas de Luanda e aconselhando o Governo a recorrer ao diálogo porque os protestos “não vão parar”.