Desporto Escolar com nota positiva perante desafios das novas gerações
Os Centros de Formação Desportiva multiplicam-se no apoio a centenas de milhares de jovens, incluindo os que até possam parecer invisíveis para o sistema.
No início pode ser difícil, como sucedeu a Fernando Pimenta — que teve de vencer a falta de jeito, de equilíbrio e de coordenação para atingir o olimpo dos canoístas. Mas todos os anos surgem jovens dispostos a desafiar limites e, por arrasto, as limitações do próprio sistema educativo. Lacunas que o Desporto Escolar tenta colmatar através de um vasto programa que nos últimos cinco anos quintuplicou o número de Centros de Formação Desportiva (CFD) — pólos de desenvolvimento desportivo capazes de promover modalidades que requerem infra-estruturas específicas (disciplinas náuticas, golfe e hipismo) não disponíveis nas escolas. Dos primeiros centros de instrução especializada aos actuais 71 CFD muito mudou.
Os dados mais recentes e o debate em torno da actividade física em Portugal sugerem a necessidade de uma reflexão profunda que permita encontrar um modelo organizativo e competitivo adequado à visão das novas gerações.
A aparente quebra registada, entre 2013 e 2018, no que concerne à adesão de “praticantes” — em flagrante contraste com o florescimento de infra-estruturas (CFD) —, pode ser explicada pelos diferentes níveis de actividade, que comportam uma multidão “invisível”, capaz de totalizar 300 mil jovens, bem mais do que os 160 mil referidos, por exemplo, no Programa Fronteiras XXI, recentemente emitido na RTP3 e dedicado ao tema “Adolescentes e desporto: das escolas às competições”.
Por isso é que, quando confrontada com a discrepância dos números, a DGE/Desporto Escolar introduz uma nota de optimismo, sustentada na experiência contínua no terreno, em particular com a organização das actividades que “conferem ao projecto características que permitem responder a diferentes necessidades, integrando ensino, treino, recreação e competição”.
“No último ano lectivo, passaram pelos nossos centros mais de 140 mil alunos em actividades pontuais, para experimentar e conhecer modalidades como a vela, a canoagem, o surf, o remo, o atletismo, a natação ou o golfe”, explicou ao PÚBLICO fonte oficial da DGE/Desporto Escolar, como justificação para o incremento dos números.
“As actividades de nível I são dinamizadas na componente não lectiva dos docentes de Educação Física e abrangem um largo número de alunos através da participação em projectos complementares ao nível de cada escola/agrupamento”, assinala a DGE/Desporto Escolar, em contraste com as actividades de nível II, “que implicam a participação regular em treinos e competições, tendo em vista a melhoria contínua do desempenho desportivo”. “Neste domínio estão disponíveis 36 modalidades, incluindo as 18 de desporto adaptado. As actividades de nível III distinguem-se por terem mais tempos lectivos disponíveis para treino, sendo que muitos dos clubes escolares federados se integram nesta vertente”, explica a entidade pública.
Para os responsáveis, importa “o modelo organizativo” e o “contributo para alavancar o desporto”, desenvolvendo as actividades numa lógica de parcerias com autarquias, juntas de freguesia, clubes, associações, federações ou organismos privados que visem promover o contacto dos alunos com as diversas modalidades.
“Os alunos poderão desenvolver a sua prática desportiva enquanto experimentação — pontual — ou de forma regular. Na experimentação, os CFD cumprem a missão de promover modalidades de acesso mais difícil [casos da vela ou canoagem]. Com o aumento de recursos dos CFD, aumenta também a capacidade de receber novos alunos e escolas, pelo que, nesta vertente, temos verificado um incremento sustentado”, acrescentou a DGE/Desporto Escolar.
Os números, mais uma vez, provam isso: dos 812 “agrupamentos” e Escolas não Agrupadas, 800 apresentaram os respectivos projectos, garantindo “uma boa iniciação desportiva”.
Com o apoio da Fundação Francisco Manuel dos Santos