Rui Rio: "O PSD tem de ganhar as eleições ao centro e na abstenção"

O líder social-democrata afirma que um apoio ao PS em caso de derrota nas legislativas depende do resultado das eleições e teria sempre de ser aprovado em Conselho Nacional.

Rui Rio foi entrevistado por Daniel Oliveira
Fotogaleria
Rui Rio foi entrevistado por Daniel Oliveira Nuno Ferreira Santos
Os dois interlocutores em palco, ao vivo
Fotogaleria
Os dois interlocutores em palco, ao vivo Nuno Ferreira Santos
Podcast com líder do PSD foi emitido a partir do São Luiz
Fotogaleria
Podcast com líder do PSD foi emitido a partir do São Luiz Nuno Ferreira Santos
A seguir à entrevista, Rio respondeu a perguntas
Fotogaleria
A seguir à entrevista, Rio respondeu a perguntas Nuno Ferreira Santos

O presidente do PSD defende que o partido pode ganhar as próximas eleições legislativas, mas que isso só é possível ao centro - e não à direita -, e ganhando votos entre os abstencionistas. “O PSD tem de ganhar as eleições na abstenção, que é o maior partido português. Eu acredito que é aqui que se podem ganhar eleições e é ao centro que estão essas pessoas, que são equilibradas mas não se revêem em nenhum partido”, afirmou Rui Rio em entrevista a Daniel Oliveira para o podcast Perguntar Não Ofende.

Para explicar a sua opção pelo “recentramento” do partido, Rui Rio afirmou que o PSD “é um partido social-democrata, na sua origem e agora, não é um partido liberal”. Lembrou que, no início, o PSD era “um partido marcadamente de centro-esquerda” e que Sá Carneiro quis até inscrever o partido na Internacional Socialista, mas só não o fez “porque o PS chegou primeiro e tinha direito de veto”. Rio diz que o partido que se deslocou mais do espaço original foi o PS, que era socialista e agora “já não tem problemas em falar em social-democracia”.

Rio considera que não há nenhuma fractura ideológica no partido: “O que há é um grupo mais restrito em que a componente ideológica é mais liberal”. Embora tenha hesitado em criticar as opções políticas de Pedro Passos Coelho, acabou por considerar que a sua liderança foi “a mais à direita” de sempre do partido, mas por outro lado defendeu que a nível económico-financeiro não havia alternativa: “Se eu lá tivesse estado, não podia ter feito de outra maneira”, reconheceu, mas concluiu: “Governar fora da troika é diferente, até Passos Coelho faria diferente”. “Talvez eu esteja mais à esquerda, mas cabemos os dois no PSD”, rematou.

Questionado sobre a possibilidade de viabilizar um governo do PS caso os socialistas vençam as eleições sem maioria absoluta, o líder do PSD começou por dizer que “vai para ganhar”. Mas acabou por admitir que as soluções de governo dependem dos resultados eleitorais: “O PSD tem de colocar sempre o interesse nacional em primeiro lugar. Imagine que o PS queria que o PSD apoiasse em troca de algo grande, eu teria de fazer essa pergunta ao partido. O Conselho Nacional teria de decidir o que seria melhor para o país. Em função do resultado, temos de ver o que fazer”, defendeu.

Daniel Oliveira quis também saber se Rui Rio acha que tem condições para se manter na liderança caso perca as legislativas e a resposta foi ambígua: “Isso não é linear, há vitórias e vitórias, há derrotas e derrotas. Há uma parte quantitativa e outra qualitativa, há uma série de factores”, respondeu.

Seja como for, o líder do PSD insistiu na importância e urgência de se fazerem reformas estruturais, em particular no sistema eleitoral e na justiça, que precisariam de uma revisão constitucional, mas reconheceu que neste ano eleitoral “não há condições” para fazer acordos de regime “o mais consensuais possível” – isso terá de esperar por 2020.

Sobre as eleições europeias, afirmou que tem “a lista na cabeça”, mas que ainda não está fechada, e admitiu que Mota Amaral possa integrá-la “em lugar mais do que elegível”. Já quanto às listas para as legislativas, insistiu nos três factores que vão guiar a escolha dos candidatos: “competência, dedicação e lealdade”. Lealdade não é a marca da bancada do PSD, retorquiu Oliveira, dando oportunidade a Rio de reconhecer que “nem tudo funcionou da melhor maneira, mas ainda faltam alguns meses”. Mas insistiu no ponto: “A lealdade também conta. Como é que podemos ter colaboradores se não forem leais?”

Quando Daniel Oliveira o confrontou com a questão da regionalização, Rui Rio começou por explicar o acordo para a descentralização que fez com o PS, no âmbito do qual foi constituída a “comissão de sábios” para estudar o modelo. Disse que hoje voltava a votar contra um modelo como o que foi a referendo em 1998, mas não se colocou fora de outra solução, desde que sirva um objectivo principal: reduzir a despesa pública. “Eu quero a descentralização para racionalizar a despesa pública, para garantir a optimização da despesa, caso contrário não preciso dela para nada”, afirmou.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários