Existência do 2.º ciclo devia ser repensada, defendem directores
A existência de um só ciclo inicial de seis anos voltou a ser abordada a propósito do Estado da Educação 2017.
O presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) admite que possa fazer sentido repensar a existência do 2.º ciclo do ensino básico, mas defende que mais importante é aligeirar a carga curricular do 1.º ciclo que considera ser pesada.
"Faria algum sentido que se repensasse esta estrutura do 1.º ciclo e do 2.º ciclo. Faria algum sentido que se pensasse na possibilidade de um só ciclo de seis anos", disse Manuel Pereira, reagindo assim às declarações da presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE) sobre o relatório Estado da Educação 2017.
A presidente do CNE, Maria Emília Brederode Santos, indicou que este organismo não tem ainda uma proposta, mas na introdução ao relatório defende que deveria ser repensada a organização do ensino básico, actualmente dividido em três ciclos, "designadamente a velha questão do 2.º ciclo [um ano para entrar e outro para sair], dadas as dificuldades assinaladas nos anos de transição”.
Manuel Pereira defende que Portugal deve aprender com os outros países, relembrando que na maioria do Estados europeus o ciclo inicial tem seis anos e que muitos dos problemas sentidos em termos de sucesso dos alunos acontecem no 2.º ciclo do ensino básico.
"Ter um só ciclo de seis anos não nos repudia nada. Não nos parece que pudesse haver algum problema", disse.
Contudo aponta como necessidade mais premente o aligeirar das cargas curriculares no 1.º ciclo, considerando serem tão pesadas que a maior parte dos professores não tem tempo para aprofundar as matérias.
"O 1.º ciclo é um tempo importante para o que os alunos aprendam a ler, a escrever e a contar e se chegarem ao 2.º ciclo com essas bases muito bem organizadas, com leitura fluente e escrita fluente naturalmente que depois terão um 2.º ciclo e seguintes mais tranquilos", frisou o presidente da ANDE.