Catarina Martins presta contas ao BE e ao país, Louçã diz que "toda a luta política é luta pelo poder"

À chegada ao pavilhão do Casal Vistoso o fundador do BE, Francisco Louçã, deixou um recado quanto ao modelo do acordo assinado com o PS em 2015: “tem de haver outro e muito melhor e para responder muito melhor a problemas muito mais importantes do país".

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Catarina Martins falou à entrada da XI Convenção do BE Rui Gaudêncio
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Francisco Louçã Rui Gaudêncio
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Marisa Matias Rui Gaudêncio

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, prepara-se para, na intervenção que vai fazer na XI Convenção do Bloco de Esquerda, “fazer uma prestação de contas não só ao BE, mas ao país do que foram estes dois anos”.

Além do “balanço” do que foi a actuação da direcção “até agora”, Catarina Martins apresentará também as propostas que lhe parecem “importantes para o futuro”. As declarações foram feitas pela coordenadora, neste sábado, antes de entrar no Pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa.

Aos jornalistas, e à chegada, também a eurodeputada Marisa Matias considerou que se aproxima “um ciclo eleitoral desafiante, seja nas europeias, seja nas legislativas”: “Seguramente que será exigente e seguramente que porá à prova muitas das coisas que temos andado a fazer”, disse, acrescentando que o “BE está disponível para juntar forças com todas as forças que queiram fazer política à esquerda neste país”.

Se poderá ir ou não para o governo, tal “depende da relação de forças que existe”, reafirmou, acrescentando que “não basta apenas haver vontade ou não de outras forças”, é preciso que a “voz” do BE “seja mais sentida”. “A nossa prioridade é reforçar a nossa participação na sociedade”, afirmou, explicando que isso é que condicionará a relação de forças e que “o resto logo se verá”.

O BE ainda não decidiu quem são os candidatos às eleições europeias, mas a eurodeputada Marisa Matias está disponível para entrar na corrida.

Acordo noutros moldes

Já o antigo coordenador do BE, Francisco Louçã, defendeu que “o BE tem de ser virar para o país, tem de procurar as alternativas práticas, concretas, o que se faz, como se faz, com que dinheiro, com que força social”.

“Catarina Martins dizia no fim da última da convenção que nunca estivemos a brincar. Toda a luta política é luta pelo poder. É luta pelas alternativas. Agora, aprende-se sempre, com os erros, com o que se faz. Com a experiência, com a luta social e, por isso, eu creio que o BE está hoje muito mais preparado do que há dois anos, há quatro, há seis, para disputar uma alternativa no país e, portanto, para o poder”, disse aos jornalistas, à margem da convenção.

Para Francisco Louçã, “há sempre erros ao longo da vida”, mas “a força de um partido é aprender a olhar, saber como se constrói e saber como se desenvolve”. Para o bloquista, “o que o BE fez nestes dois últimos anos é absolutamente extraordinário”.

À chegada, Louçã deixou ainda algumas mensagens com diferentes destinatários: “Registei que ontem o ministro Vieira da Silva veio dizer que, sobre a questão das pensões antecipadas, haveria um compromisso e, portanto, a razão do BE é afirmada.” E também considerou que “não se pode negociar um próximo governo como se tratou o Orçamento de Estado deste ano”: “Não é às duas da manhã da véspera do dia em que se aprova o orçamento no Conselho de Ministros que se decide como se vai governar durante quatro anos”, disse.

Sobre o ano de eleições que se avizinha, Louçã lembrou que o BE “tem de se preparar para mostrar aos outros partidos o que tem a propor, mostrar ao país as alianças que quer fazer”, mas sobretudo “mostrar como responder às dificuldades” das pessoas. “A relação de forças é definida pelas eleições, não é só pelos partidos”, sublinhou. O BE deve, frisou, “dar a certeza às pessoas sobre o que vai acontecer na saúde, nos transportes, na educação, na vida de todos os dias. Isso é que permite chegar a um governo no futuro e a posições de grande responsabilidade”.

Quanto ao modelo do acordo assinado com o PS em 2015, Louçã defende que “não se pode repetir” nos mesmos moldes. “Tem de haver outro e muito melhor e para responder muito melhor a problemas muito mais importantes do país. Há três anos, tratava-se de impedir que o CDS e o PSD continuassem a empobrecer Portugal. Acho que o BE fez muitíssimo bem em responder aos seus eleitores e ao país, dizendo parou, virou a página”, afirmou, sublinhando que, apesar ter sido “importantíssimo”, “daqui a um ano não é para correr a direita que se vai votar. Vota-se para responder aos problemas de fundo do país.”

Quanto ao referendo interno proposto na moção de Catarina Martins, para se avaliar uma eventual solução de governo, Louçã considera que se trata de uma proposta “muito razoável”: “É importante reforçar a participação de todos os militantes e activistas quando o BE toma uma decisão de tanta importância como fazer um acordo com o Governo. É um bom caminho”, disse.

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