Associação da GNR diz que criminosos "não são merecedores do mesmo respeito" que o cidadão comum

Reacção da ASPIG surge após a divulgação de fotografias, inicialmente por um sindicato da PSP (Sindicato Unificado da Polícia) e depois por vários órgãos de comunicação social e nas redes sociais do momento da detenção de três suspeitos que tinham fugido do Tribunal de Instrução Criminal do Porto.

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Hugo Santos

A Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG/GNR) manifestou-se nesta segunda-feira a favor da divulgação de fotografias de suspeitos capturados pela PSP, considerando que os criminosos "não são merecedores do mesmo respeito e consideração" que o cidadão comum.

"A ASPIG está solidária com os profissionais da PSP, envolvidos nesta matéria, e não fica indignada com as fotografias, expostas publicamente, pois considera que os criminosos — nelas identificados como tal — não são merecedores do mesmo respeito e consideração, por parte do Estado e da comunidade, atribuídos ao cidadão comum", refere aquela associação da GNR em comunicado.

Esta reacção da ASPIG surge após a divulgação de fotografias (inicialmente por um sindicato da PSP, o Sindicato Unificado da Polícia, e depois por vários órgãos de comunicação social e nas redes sociais) do momento da detenção de três suspeitos que tinham fugido do Tribunal de Instrução Criminal do Porto, e das posteriores declarações do ministro da Administração Interna.

Para a ASPIG, "um Estado de direito democrático só o é de facto quando a autoridade do Estado, através das forças de segurança e outras entidades, não é beliscada pela gritaria de certas instituições que promovem a defesa dos direitos humanos sem que, muitas vezes, estejam na posse da realidade dos factos".

Esta associação da Guarda Nacional Republicana considera que um Estado de direito democrático "só o é de facto quando quem tutela as forças de segurança deixe de ter intervenções que mais parecem anúncios de que o crime compensa quando se indigna com certas imagens de criminosos e, em consequência, determina publicamente que se levantem processos de averiguações, processos disciplinares ou medidas cautelares, onde são visados os agentes de autoridade".

Nesse sentido, a ASPIG manifesta "repúdio pelo facto de parecer que se vive numa sociedade em que, sistematicamente, o defensor dos cidadãos é constantemente visado em processos que lhe são desfavoráveis, enquanto os prevaricadores parecem usufruir de todos os direitos de defesa e pronto apoio das mais estranhas entidades".

Na sexta-feira, o director nacional da PSP mandou instaurar um processo de inquérito para averiguar a divulgação das fotografias.

Também o ministro da Administração Interna determinou a abertura de um inquérito às circunstâncias em que ocorreu a fuga dos três homens do TIC do Porto e sobre a divulgação de fotografias das suas detenções.

Eduardo Cabrita considerou "absolutamente inaceitável a publicação de imagens que não correspondem à forma de actuação da polícia portuguesa".