Memorando de Tancos não existe no Ministério da Defesa
Investigação interna de uma semana não encontrou rasto do documento.
O memorando sobre a recuperação do material de guerra roubado em Tancos, entregue nesta quarta-feira pelos advogados do tenente-general Martins Pereira no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), não deixou qualquer rasto no Ministério da Defesa, ou seja, pura e simplesmente não existe.
Daquele documento, entregue em Novembro de 2017 ao então major-general Martins Pereira, à época chefe de gabinete do ministro da Defesa, Azeredo Lopes, pelo anterior director da Polícia Judiciária Militar (PJM), coronel Luís Vieira, e pelo major Vasco Brazão, ex-porta-voz daquela polícia, constará uma descrição dos factos que aponta para uma montagem da PJM.
O documento referirá que a recuperação, na Chamusca, a 18 de Outubro do ano passado do material roubado meses antes — em Junho — fora acordada com a PJM desde que a Polícia Judiciária não fosse informada. Isso efectivamente aconteceu, como se depreende da Operação Húbris, desencadeada em 25 de Setembro último, que levou à constituição de nove arguidos, oito militares da PJM e da GNR, e um civil, referido este como autor material do furto.
A investigação interna no Ministério da Defesa sobre o paradeiro do documento começou há, precisamente, uma semana quando o Expresso divulgou, e o PÚBLICO confirmou, a existência do memorando. E não se encontrou qualquer rasto do mesmo.
Em comentário nesta quarta-feira ao PÚBLICO sobre a diligência do seu antigo chefe de gabinete junto do DCIAP, o ministro Azeredo Lopes declarou que “o senhor general Martins Pereira agiu, com certeza, de acordo com o que considerou ser o seu dever”.