Porto Santo diz ser "inaceitável" cancelamento de ligações da Binter

“Até ao momento, ainda não tivemos qualquer reposta oficial acerca do ponto de situação da concessão da linha aérea, uma responsabilidade directa e exclusiva do Governo da República”, sublinhou o autarca Idalino Vasconcelos

Foto
daniel rocha

A Câmara Municipal do Porto Santo classificou hoje como “grave” e “inaceitável” o cancelamento das ligações aéreas entre as ilhas na Madeira por parte da companhia espanhola Binter, anunciando que vai pedir uma audiência ao ministro com a tutela.

“Vem a Câmara Municipal do Porto Santo repudiar veementemente estas alterações que têm prejudicado largamente os passageiros daquela ilha, em especial os residentes no Porto Santo, incluindo crianças e idosos”, diz o município, em comunicado.

A autarquia porto-santense refere “os constantes cancelamentos, dos últimos dias, das ligações aéreas entre o Funchal e o Porto Santo”, apontando que já foi enviado um pedido de esclarecimento à transportadora, mas este está “ainda sem resposta”.

“Não aceitamos este tratamento à população do Porto Santo”, declara o presidente do município, o social-democrata Idalino Vasconcelos, anunciando que a autarquia vai pedir uma audiência ao ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques.

O responsável considera que os cancelamentos das ligações áreas são compreensíveis “unicamente por motivos operacionais ligados a condições meteorológicas desfavoráveis e por motivos de segurança dos passageiros”, pelo que não aceita esta situação “quando outros voos operam normalmente no Aeroporto da Madeira - Cristiano Ronaldo”.

“Até ao momento, ainda não tivemos qualquer reposta oficial acerca do ponto de situação da concessão da linha aérea, uma responsabilidade directa e exclusiva do Governo da República Portuguesa”, sublinha o autarca.

No seu entender, “o que se passa no aeroporto da Madeira, com os constantes cancelamentos, é inaceitável e a responsabilidade deve ser imputada ao Governo central, em relação à própria concessão da linha aérea de interesse público (o garante da continuidade territorial) e à companhia aérea espanhola, na questão do apoio aos passageiros”.

O responsável salienta que “esta é uma ligação de interesse público muito importante para a ilha do Porto Santo que depende fortemente dos transportes aéreos e marítimos”.

Por isso, acrescenta, “qualquer cancelamento injustificável é inaceitável e é um entrave à mobilidade dos passageiros, em particular, todos os porto-santenses, incluindo crianças e idosos, e ainda o transporte de mercadorias, incluindo os medicamentos”.

A transportadora aérea Binter, com sede em Canárias, é responsável pelas ligações entre a Madeira e o Porto Santo desde Junho deste ano, na sequência de um contrato de concessão estabelecido com o Governo da República.

Esta semana, entre terça-feira (7 de Agosto) e hoje foram cancelados sete voos com destino ao Porto Santo, sendo que o que estava programado para esta manhã ainda não se realizou, situação que afectou pelo menos três dezenas de passageiros.

Também hoje o vice-presidente do Governo da Madeira considerou “inadmissível” esta situação, visto a Binter ainda não ter respondido ao pedido de esclarecimentos enviado pelo executivo regional.

Pedro Calado disse ser "urgente" que a companhia aérea e o Governo da República, responsável pela gestão do contrato de concessão, apurem responsabilidades e criticou a “passividade” destas duas entidades face a este problema.

O governante anunciou ainda que o executivo regional vai pedir para ter acesso ao contrato e aos termos da concessão da linha aérea entre as ilhas e vai "reforçar" a sua actuação no sentido de que os passageiros sejam "protegidos e ressarcidos dos danos".